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14 de Dez de 2010
Governador Binho Marques entregará aos premiados o Certificado de Reconhecimento e o troféu Castanha de Bronze, feito com madeira certificada
Conferido anualmente pelo Governo do Estado, através da Fundação Elias Mansour, o Prêmio Chico Mendes de Florestania foi criado em 2004 e tem por finalidade reconhecer e estimular as atividades, programas, ações e iniciativas que têm como objetivo consolidar o conceito de Florestania. Desde 2009,
através de decreto assinado pelo Governador Binho Marques, foi alterado a lei que criou o Prêmio Chico Mendes de Florestania, transferindo a data de entrega da comenda para a data de nascimento do líder seringüeiro, 15 de dezembro.
Os ganhadores da edição 2010, que receberão o prêmio nesta quarta-feira, 15, em solenidade que acontecerá na Igreja São Sebastião, em Xapuri, às 18 horas são: José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, o sertanista Meirellles, por Iniciativa de origem Estadual; Maria José Vilas-Boas Weiss, a Zezé Weiss, por iniciativa de origem Nacional ou Internacional e a Associação SOS Quelônios-Tracajás e Iaçá, de Plácido de Castro como Iniciativa de origem Comunitária, rural/florestal.
Na solenidade, o Governador Binho Marques entregará aos premiados o Certificado de Reconhecimento e o troféu Castanha de Bronze, feito com madeira certificada. A Associação SOS Quelônios-Tracajás e Iaçá, de Plácido de Castro receberá um cheque no valor de R$10 mil como apoio às iniciativas em favor do desenvolvimento econômico sustentável. Para celebrar a data, a programação trará o show da Banda de Pifanos de Caruaru.
José Carlos dos Reis Meirelles Júnior
O sertanista é coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, na fronteira do Brasil com o Peru há 20 anos. Meirelles está na Funai desde 1970, quando foi aprovado em concurso público de técnico indigenista, após ter cursado, sem concluir, engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia de Guarateinguetá, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Natural de São Paulo, Meirelles cresceu em Santa Rita do Passa Quatro e em Ribeirão Preto. Seu primeiro trabalho como indigenista foi a chefia do posto indígena Alto Turiassu, no Maranhão, dos Urubu Kaapor. Foi nessa região que ele fez os primeiros contatos com os Awa Guajá, em 1972.
Para continuar em trabalho com os Awa Guajá, que passavam pelo momento delicado do pós-contato, Meirelles aceitou uma redução de salário e função, para tornar-se auxiliar de sertanista de João Fernandes Moreira.
Em 1975, quando foram abertas as primeiras unidades da Funai no Acre, Meirelles aceitou o convite para ir trabalhar na equipe comandada por Porfírio de Carvalho e chefiou o posto Mamoadate, com os grupos Manxinéri e Jaminawa. Após a crise de 1980, quando diversos funcionários foram demitidos pelo governo militar, inclusive ele, Meirelles ajudou a fundar a Associação Brasileira de Indigenistas e a Comissão Pró Índio do Acre. Ele foi recontratado em 1982.
Após breve estada novamente junto aos Awá Guajás, no Maranhão, para ajudar a resolver alguns conflitos que estavam crescendo na região, o indigenista voltou ao Acre e, desde 1988, após a criação do DEII, fixou-se na cabeceira do Rio Envira. Seu primeiro desafio nesse novo posto foi controlar uma guerra, de origens imemoriais, que era travada entre os Kampa e os Kaxinawá.
Ao longo desses anos, Meirelles tem conseguido com sucesso manter protegidos os grupos isolados da região do Envira. O perigo, hoje, são os desmatamentos no lado peruano, que pode causar uma superpopulação no lado brasileiro e acirrar alguns conflitos históricos entre as etnias.
Maria José Vilas-Boas Weiss
É antropóloga, historiadora social e jornalista, especialista em jornalismo ambiental e em desenvolvimento social e sociedade civil do Banco Mundial. Foi diretora executiva da organização não-governamental Missão Criança. Zeze é organizadora do Vozes da Floresta, um documento sobre a vida de Chico Mendes. Sua trajetória e sua luta estão registradas nas 420 páginas do livro. Já o DVD Chico Mendes: O homem da floresta - 20 anos de saudade e conquistas, é uma compilação de dezenas de filmes, vídeos, depoimentos, documentos, material inédito resultante de pesquisa minuciosa da equipe da Biblioteca da Floresta. Família, amigos, companheiros de luta, jornalistas, lideranças comunitárias, indígenas, artistas que conviveram com Chico Mendes ou que de alguma forma tiveram contato com seus pensamentos, estão entre os que responderam às perguntas que serviram de eixo para o trabalho.
Associação SOS Quelônios-Tracajás e Iaçá
O SOS Quelônios nasceu de uma iniciativa da Associação de Moradores de Plácido de Castro. Em 22 de julho de 2000 o projeto foi fundado e conta com a participação de mais de 150 famílias ao longo do Abunã. O principal parceiro do projeto é o Governo do Estado, através da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac). Em 2009 foi assinado Termo de Cooperação Técnica definindo as competências de cada órgão para a manutenção do projeto. Ibama, Pelotão Florestal, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Rondobrás, Star Motors e Restaurante A Princesinha também são parceiros da iniciativa.
Banda de Pífanos de Caruaru fará show de encerramento da solenidade
Criada pelo trabalhador rural e zabumbeiro Manoel Biano, em 1924, na região de Mata Grande (em Alagoas), a Banda de Pífanos nasceu para perpetuar a tradição da Zabumba Cabaçal, cultivada ao longo de décadas pela família Biano. Ao lado de Manoel estavam seus dois filhos: Benedito (pai de João) e Sebastião, hoje o único remanescente da formação original.
Nos primeiros tempos, a banda tocava em novenas, enterros de anjos (crianças) e comemorações religiosas, enfrentando longas caminhadas para se apresentar em cidadezinhas distantes. Até que em 1939 a família Biano chegou a Caruaru, no interior pernambucano, onde decidiu se estabelecer. Com a morte de Manoel, em 1955, a zabumba foi assumida por João, o primeiro neto do fundador a integrar o grupo, então batizado oficialmente de Banda de Pífanos de Caruaru. Hoje, Amaro (surdo), José (prato) e Gilberto (tarol), todos membros da família, completam a atual formação, o sexteto.
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