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Prefeitura de Maringá abriga índios em situação precária nos arredores da cidade

G1 g1.globo.com
Autor: Ederson Hising
21 de Jul de 2017

Um grupo de índios que estava morando em um terreno na área central de Maringá, no norte do Paraná, vive desde o começo deste mês em barracos improvisados, em terrenos cedidos pela prefeitura, no limite com a cidade de Sarandi.

Dos cerca de 70 indígenas da etnia caingangue, muitos são crianças, que vivem num local quase sem infraestrutura. O improviso que se via no Centro da cidade, até então, mudou apenas de endereço.

Se por um lado eles ganharam o acesso à energia elétrica e chuveiro com água quente, por outro continuam morando em barracos, alguns com até 15 pessoas.

E, além disso, ficaram a cerca de sete quilômetros do Centro, onde conseguem vender artesanato - única fonte de renda do grupo que tem vivido à base de doações.

O trajeto para poderem vender o que produzem, principalmente balaios, dura aproximadamente uma hora e meia a pé. Eles poderiam utilizar o transporte coletivo, porém os índios precisariam ser cadastrados para ter o cartão de passes, já que os veículos não aceitam pagamento em dinheiro.

Ainda assim, há quem tente pegar o transporte, porém nem sempre consegue.

"Têm uns motoristas que levam a gente, mas têm uns que até fecham a porta para nós. Trata como se o índio não fosse gente", afirmou o líder do grupo, João Padilha.

Até esta sexta-feira (21), os índios ainda cozinhavam em fogueiras. Havia, no entanto, uma promessa da Prefeitura de Maringá de levar fogões e botijões de gás para o grupo.

Mesmo com dois banheiros em funcionamento, a quantidade de pessoas para utilizar faz com que muitos optem pela mata no fundo terreno, onde fica o Ribeirão Pinguim.

Outro exemplo da precariedade é que o único barracão, onde ficam o estoque de artesanato e dormem algumas pessoas, está com furos na cobertura. "Se chover, vai complicar", disse o líder do grupo.

No entanto, o líder indígena reconhece que a situação já é menos pior do que quando estavam na rua. "A expectativa é que melhore ainda mais para o índio poder vender artesanato e voltar para a aldeia", disse.

O grupo é oriundo da aldeia de Manoel Ribas, na região central do estado. O índio Sergio Alípio conta que não há fonte de renda por lá. Por isso, as famílias ficam em torno de um mês em outras cidades para levantar recursos, embora boa parte deles não falem português.

Casa de passagem

A prefeitura está desenvolvendo um projeto para que seja construída uma casa de passagem para atender cerca de 50 índigenas. O projeto deve ficar pronto no dia 4 de agosto, mas ainda há incerteza sobre o local da instalação. No entanto, não há prazo para que o projeto saia do papel.

Até lá, o secretário de Assistência Social, Ederlei Alckamin, designou um servidor da pasta para tratar de perto as questões envolvendo os indígenas. Com isso, aos poucos, a precariedade deve dar lugar à dignidade.

Segundo o secretário, novos banheiros serão ativados no local, entre outras melhorias. "A estrutura [que já existia] comporta a gente ativar mais banheiros. Eles estão aqui há duas semanas e estamos trabalhando para melhorar. Serão feitas as obras necessárias", afirmou, sem dar prazo para quando as obras vão começar.

'Fere a dignidade humana'

Para o ambientalista e pesquisador do Observatório das Metrópoles de Maringá, Jorge Villalobos, a situação encontrada no local "fere a dignidade humana" por conta das condições. No vídeo abaixo, gravado nesta sexta-feira, ele avalia o caso que está acompanhando a partir dos pontos de vista ambiental e social.

http://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/prefeitura-de-maringa-abr…

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