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Prefeitos da Grande São Paulo avaliam multa por lavar calçada

OESP, Metrópole, p. A12
29 de Jan de 2015

Prefeitos da Grande São Paulo avaliam multa por lavar calçada
Em reunião com secretário, 30 prefeitos aceitaram levar proposta do Estado adiante, mas cobraram plano de contingência e informações

Felipe Resk, Ana Fernandes e José Roberto Castro - O Estado de S. Paulo

O governo do Estado e os 30 prefeitos da região metropolitana de São Paulo abastecidos pela Sabesp fizeram nesta quarta-feira, 28, uma primeira reunião conjunta para definir a multa municipal para quem desperdiçar água. Os prefeitos ainda decidiram cobrar do governo estadual a instalação imediata de um Comitê de Crise, além de um plano de contingência e de mais informações para acompanhar e definir as ações voltadas para o combate à falta de água.
Por cerca de três horas, eles estiveram reunidos com o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, que aproveitou a reunião para distribuir a minuta da Sabesp que sugere multar em até R$ 1 mil os cidadãos que desperdiçarem água, lavando calçadas e passeios públicos. Os 30 prefeitos aceitaram enviar o projeto para as Câmaras. "Cada um, agora, vai fazer sua sugestão para verificar se há adendos a serem feitos para melhorar a proposta. Isso é rápido", explicou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).
Segundo Braga, a proposta foi bem aceita. Mas pessoas que participaram do encontro disseram ao Estado que a maioria dos prefeitos não se colocou a favor do projeto e reclamou da intenção de deslocar a responsabilidade pela crise para os municípios. Apesar de classificá-la como "importante" e "simbólica", Haddad reafirmou que, caso a medida seja aprovada, o impacto não seria decisivo para combater a crise. O prefeito disse que vai encaminhar à Câmara um Código de Obras para estimular a adaptação da construção civil à escassez de água.

Acompanhamento diário. Uma das demandas do encontro, o Comitê de Crise tem por objetivo realizar reuniões periódicas entre presidentes de consórcios metropolitanos, Prefeitura e governo do Estado, para acompanhar a situação do abastecimento. De acordo com Haddad, também serviria para definir as medidas no combate à crise. "Para que ninguém saia tomando providências, imaginando que tem a solução, sem ouvir técnicos."
Os prefeitos também pediram ao governo do Estado a criação de um plano de comunicação mais efetivo para alertar a população sobre as medidas que deverão ser adotadas. Porta-voz do grupo, Haddad se disse surpreso com a possibilidade de um "rodízio duro para a Região Metropolitana" - com até cinco dias sem água por semana -, sobre o qual teria sido avisado "pelos jornais".
Já o plano de contingência tem a finalidade de elaborar cenários de chuva. "As coisas podem mudar de uma semana para a outra. Aí, você tem as medidas para evitar colapsos de abastecimento ou problemas severos", disse Haddad. Ele citou hospitais, postos de saúde, penitenciárias e escolas que não conseguiriam sobreviver com um rodízio severo.
As propostas dos prefeitos serão levadas pelo secretário Benedito Braga ao governador Geraldo Alckmin (PSDB). Uma resposta deve ser dada em dez dias.

Igreja decide comprar piscina
Fiéis vão usar reservatório para dar descarga, limpar banheiros e fazer cerimônias de batismo

Rafael Italiani

Eles não acreditam em São Pedro. Os fiéis da igreja evangélica Comunidade Cristã Salvando Vidas, em Pedreira, na zona sul de São Paulo, instalaram uma piscina de 1 mil litros na lateral do salão onde realizam os cultos duas vezes por semana. O equipamento vai servir como reservatório de água para limpar banheiros, usar nas descargas e fazer as cerimônias de batismo. "Aqui a caixa é pequena, tem dia que ela acaba e não sai nada da torneira da rua. Então, resolvemos comprar a piscina para usar a água para a limpeza dos banheiros", explicou Lindenberg Rodrigues, auxiliar de administração da igreja.
A piscina foi comprada na semana passada e custou R$ 130. "Não temos dinheiro para caminhão-pipa e também não vai valer o investimento. Enquanto estiver saindo água da torneira, vamos ligar a mangueira da saída da rua e encher a piscina", disse Rodrigues.
De acordo com ele, a redução da pressão na Estrada do Alvarenga, onde fica a igreja, costuma começar às 14 horas. Depois, nem à base de reza. "Vamos aproveitar para o que der. É claro que não vai fazer diferença nenhuma no mundo, mas vai servir para a gente armazenar água, deixar a igreja limpa e não prejudicar os cultos."

Água da chuva. Em Interlagos, também na zona sul, a cantora Carla Ribeiro, de 42 anos, começou no último fim de semana a utilizar dois galões de 200 litros para armazenar a água da chuva. Ali, a redução de pressão ocorre diariamente, das 20 às 8 horas. "No domingo tomei um susto. Abri a torneira e não saiu uma gota de água", afirmou.
Ela mora ao lado da Represa do Guarapiranga e faz quatro noites que tem ido dormir com o som da chuva batendo no telhado e escorrendo pelas calhas. De acordo com a Sabesp, ontem já havia chovido 7,8% a mais do que a média história esperada para o mês na região. "Tenho de aproveitar essa água. Coloco os galões sob as calhas, deixo acumular e uso para limpar o quintal", explicou. "A natureza é mais forte do que nós. O tempo está mudando e precisamos nos adaptar."

42% dos prédios paulistas não reduziram o consumo

Fabio Leite

Um levantamento feito com 1,7 mil condomínios residenciais de São Paulo constatou que 42% dos prédios paulistas não conseguiram reduzir o consumo de água, apesar do agravamento da crise. Os dados foram levantados pela Lello, maior administradora de condomínios do Estado, e referem-se ao consumo de água no mês de novembro. Dos prédios pesquisados, 1,3 mil ficam na capital.
Segundo a Lello, 19% dos condomínios aumentaram o consumo de água em relação à média anterior à crise (fevereiro de 2013 e janeiro e 2014), que serve de base para aplicação do bônus e da multa de até 100% na tarifa pela Sabesp.
Outros 23% dos condomínios, segundo a empresa, mantiveram a média de gasto mensal com água, enquanto 58% conseguiram reduzir o consumo em novembro. Naquele mês, segundo a Sabesp, 76% dos clientes da Grande São Paulo haviam diminuído o consumo. Em dezembro, o índice subiu para 78%.
Para Angélica Arbex, gerente de relacionamento com o cliente da Lello, os números mostram que ainda há uma dificuldade daqueles que moram em prédio e não têm medição individualizada. "Há seis meses, nós estamos tratando diretamente com os síndicos. Agora, queremos colocar o condômino no jogo. Expor para ele que o problema não é só do zelador que lava a calçada, mas também está dentro do apartamento dele, na quantidade de banho que ele toma. Muitos só se sensibilizam quando chega ao extremo e não tem água na torneira."
Segundo ela, nos prédios que reduziram o consumo, o valor economizado com água, que representa de 15% a 17% da taxa de condomínio, foi de R$ 1,6 mil, em média.

OESP, 29/01/2015, Metrópole, p. A12

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