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Prefeito índio de S.Gabriel da Cachoeira faz romaria em busca de recursos

Valor Econômico - www.valoronline.com.br
Autor: Paulo de Tarso Lyra
11 de Nov de 2008

Eleito na primeira chapa puramente indígena no país, o futuro prefeito de São Gabriel da Cachoeira (AM), Pedro Garcia, da etnia Pariana, visitou na semana passada vários ministérios e órgãos públicos em busca de investimentos para seu município. Acompanhado do sacerdote da umbanda Alberto Jorge - "temos uma grande proximidade espiritual" - Pedro agora espera conseguir recursos para sua gestão. "Sabemos que um bom prefeito precisa de recursos para administrar a economia local e, assim, ser bem avaliado pela população".

A primeira parada de Pedro foi a Subsecretaria de Assuntos Federativos, no quarto andar do Palácio do Planalto. Ouviu do sub-chefe Alexandre Padilha que o principal projeto para a região é o Território da Cidadania do Alto Rio Negro, administrado pela Funai. "O governo brasileiro sempre olhou com bastante atenção para São Gabriel. Isso vai aumentar, em virtude da experiência nova que será vivida pelo município", afirmou Padilha.

Ele passou dez anos tentando consolidar uma chapa com índios ocupando a vaga de prefeito e vice (o dele é André Fernando, da etnia Baniwa), tendo que lutar inclusive com diversas tribos da região, que defendiam uma parceria com não-índios. Técnico em agropecuária, chegou a cursar o primeiro ano de Direito - abandonou por falta de recursos e acabou migrando para os movimentos sociais. Pretende incrementar a indústria local, muito dependente da agricultura (produção de farinha) e do extrativismo vegetal (fibras de piaçava e cipós). "Mas não queremos vender apenas os produtos brutos, queremos fazer um beneficiamento deles, incentivando a produção de tapetes, cestos e vassouras", disse ele.

Eleito com 6,3 mil votos em um município de aproximadamente 45 mil habitantes, Garcia sonha em ser governador do Amazonas, mas luta contra as estatísticas recentes de seu próprio município: até hoje, nenhum prefeito conseguiu se reeleger em São Gabriel da Cachoeira. Não quis comparar sua eleição com a do também indígena Evo Morales, na Bolívia. Mas afirmou que um governante precisa se apoiar no bom relacionamento com a população - o que lhe assegura apoio para as ações planejadas - e em uma economia vigorosa, que permita investimentos nos setores mais carentes. E não ser sectário. "Não sou prefeito dos índios. Sou prefeito de todos os habitantes de São Gabriel da Cachoeira".

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