Agência Brasil
Autor: Marco Antônio Soalheiro
09 de Abr de 2008
Na cidade de Pacaraima (RR), fronteira do Brasil com a Venezuela, onde o líder dos arrozeiros no estado, Paulo César Quartiero, está prestes a reassumir a prefeitura após a revogação de uma cassação por compra de votos, o atual prefeito, o descendente indígena Chico Roberto, se diz ameaçado de morte desde que assumiu o cargo, em fevereiro de 2007.
"Já sofri várias ameaças de morte. Em Pacaraima, pessoas ficam rondando minha casa. Há uns 20 dias estava numa assembléia do Conselho Indígena de Roraima e pessoas tentaram arrombar minha casa. Então isso me assusta muito, porque não tenho inimigos pessoais", contou Roberto em entrevista concedida em Boa Vista. Ele foi aconselhado a deixar Pacaraima por alguns dias para preservar sua segurança.
Parte da Terra Indígena Raposa Serra do Sol está nos limites de Pacaraima. A retirada dos não-índios da área opõe Roberto e Quartiero. Enquanto o atual prefeito diz que o decreto de homologação deve ser cumprido, o arrozeiro lidera um grupo de resistência à possível desocupação.
Roberto insinuou que as ameaças que recebe "só podem ter cunho político", mas evitou atribuí-las diretamente ao líder dos arrozeiros. "Não acredito que o Paulo [César Quartiero] mande fazer isso".
Mas o atual prefeito acusa os arrozeiros de influenciarem negativamente os índios da Raposa Serra do Sol e de insuflarem o povo do município. "O Paulo César quer colocar um problema dele como se fosse do município de Pacaraima".
Para reassumir a prefeitura, o líder dos arrozeiros aguarda apenas a publicação de um acórdão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No dia 26 de março, o tribunal revogou decisão da Justiça Eleitoral do estado que determinava a cassação de Quartiero por benesses financeiras oferecidas à comunidade Contão em troca de apoio político.
O líder dos arrozeiros não foi localizado pela reportagem. A informação é de que ele se encontra na base de resistência dos não-índios da Raposa Serra do Sol, montada na Vila Surumu.
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