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Prefeito da cidade campeã em garimpo diz que deu 500 licenças e nunca fiscalizou

Observatório do Tercerio Setor - https://observatorio3setor.org.br/
Autor: MARIA FERNANDA GARCIA
23 de Fev de 2022

Itaituba (PA) é o centro da nova corrida do ouro que está em curso no Brasil. Apelidada de "Cidade Pepita", tem como monumento uma estátua gigante (de três metros de altura) de um garimpeiro peneirando cascalho e um comércio praticamente todo voltado à economia garimpeira, com proliferação de lojas de compra e venda de ouro e de retroescavadeiras e tratores, além de um dos aeroportos mais movimentados do Pará.

O município também é o campeão na concessão de lavras garimpeiras pelo governo federal nos últimos quatro anos - mais de 25% de todos os requerimentos, segundo um levantamento do GLOBO.

Desde a semana passada, a cidade está em polvorosa com a operação Caribe Amazônico, deflagrada pela Polícia Federal em parceria com o Ibama e as Forças Armadas, que destruiu e apreendeu mais de 21 escavadeiras, 26 motores bombas, uma balsa, três geradores, um trator esteira e 14 acampamentos avaliados em mais de R$ 10 milhões.

A reportagem do Fantástico acompanhou a ação e flagrou verdadeiras vilas erguidas no meio da selva amazônica, com igreja, alojamento, pista de pouso, oficinas e supermercados. A operação gerou protestos por parte de alguns garimpeiros, que queimaram pontes de madeira e bloquearam o acesso à sede do ICMBio na cidade.

Ao serem flagrados pelas autoridades, os exploradores tentaram evitar a destruição dos equipamentos e instalações mostrando licenças de operação emitidas pelas prefeituras de Itaituba e Jacareacanga, que era um distrito da primeira e se emancipou em 1991. Para os agentes da PF e do Ibama, as licenças são ilegais e não têm validade por se tratarem de área de conservação de competência da União.

Em uma entrevista, o prefeito de Itaituba, Valmir Climaco (MDB), prometeu que vai suspender todas as licenças concedidas pela prefeitura nos últimos anos para fazer uma reavaliação, mas confessou que, de todas as 500 licenças para garimpo que o município forneceu, nenhuma foi fiscalizada.

"Nós demos mais de 500 licenças e nunca fomos fiscalizar. Agora não vai ser mais assim. Nós vamos suspender todos os documentos e eles só vão ser liberados com o aval do ICMBio e do Ministério Público Federal", afirmou ele, anunciando um projeto que vai criar um sistema de monitoramento de garimpos na região e "reeducar" os trabalhadores a não devastarem a Amazônia.

Questionado sobre não ter fiscalizado até agora, o prefeito respondeu que isso era prerrogativa dos órgãos ambientais federais. E reconheceu que há muitos garimpos ilegais na região - alguns usam as licenças de um determinado local para tirar ouro de outro (leia-se de terras indígenas e unidades de conservação). Procurado, o Ministério do Meio Ambiente ainda não se pronunciou.

Fonte: https://observatorio3setor.org.br/noticias/prefeito-da-cidade-campea-em…

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