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Prefeito contesta laudo da Funai

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: PATRÍCIA NEVES
10 de Dez de 2003

O prefeito da cidade de Altos Boa Vista, Mário Rezende Barbosa (PL), contestou ontem a veracidade do laudo antropológico que certificou a existência de índios xavante na área de Suiá-Missú. Com base nesse laudo, emitido no ano de 1995, a União homologou a área como sendo indígena.

Em entrevista na Assembléia Legislativa, ontem, Rezende chegou a dizer que coloca seu cargo à disposição mas que tem certeza de que na área dos 168 mil hectares (Suiá-Missú) nunca pertenceu aos índios.

"Naquela área que é objeto da questão não teve índios. Não existe cemitério e nem objetos naquela área", garantiu.

Ele explicou que os xavantes vieram expulsos de Goiás para Mato Grosso
e travaram disputas com índios Carajás e Tapirapés em regiões próximas a Altos da Boa Vista. Daí decorre, o prefeito ressalta, o erro em dizer que as batalhas aconteceram dentro da área em litígio.

Conforme o prefeito, a escritura que existe no cartório de São Félix do Araguaia é a primária, ou seja, a primeira a ser expedida sobre aquelas terras.

Rezende também teceu críticas quanto a ausência dos índios xavantes na reunião realizada no Palácio Paiaguás, com a presença do presidente da República em exercício, José Alencar.

O município de Altos Boa Vista está 70% dentro da área da fazenda em litígio. Caso retorne para as mãos dos índios seria inviável o seu crescimento, conforme análise do prefeito.

Altos Boa Vista tem, segundo o IBGE, uma população de cerca de 3 mil pessoas. "Como é que a cidade vai sobreviver apenas com 30% do território?", questiona. O município foi criado em 1991.

A denúncia feita pelo procurador da Fundação Nacional do Índio em Mato Grosso, César Augusto Lima, anteontem, de que os índios xavantes teriam recebido R$ 35 mil de posseiros foram confirmadas pelo prefeito.

Entretanto, ele disse que o pedido partiu dos índios que teriam se deslocado até a cidade para pedir ajuda. Com o dinheiro, pretendiam comprar remédios e alimentação que seriam levados para a reserva Pimentel Barbosa, a cerca de 200 quilômetros de Altos Boa Vista.

Negou com veemência que tenha sido usado dinheiro do erário da prefeitura para "ajudar" os índios. A denúncia que chegou à Procuradoria da Funai era a de que o dinheiro teria sido entregue aos índios para que desocupassem a região. Os índios pegaram o dinheiro e retornaram para a frente da fazenda Suiá-Missú, onde permanecem há 29 dias.

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