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PRÉDIO DA COBAL - Moradores reclamam de treinamento da PF

Folha de Boa Vista
Autor: Cyneida Correa
11 de Abr de 2008

Moradores do bairro 31 de Março procuraram a Folha para reclamar que bombas da Polícia Federal estão sendo explodidas à luz do dia numa área residencial, no prédio da antiga Cobal. O pastor da igreja evangélica Israel Fonseca procurou o jornal para reclamar do problema.

"Soltaram bombas no pátio externo no estacionamento lateral da minha casa, a dois metros de distância. Eu fui reclamar e eles me humilharam. Disseram que o povo de Roraima não sabe respeitar autoridade, mas nós temos direitos individuais e humanos, e eles têm que ser respeitados", disse.

O morador afirmou que ontem pela manhã explodiu uma bomba de gás lacrimogêneo que havia sido abandonada no pátio. "Minhas crianças ficaram com os olhos vermelhos e chorando muito. Eu fui falar com o comandante da tropa e ele disse que eu me retirasse que o local que era área de segurança nacional. Mas o bairro é residencial e o local onde eles treinam é aberto para a rua e as crianças andam por ali. Deu sorte de a bomba explodir e não atingir ninguém", afirmou.

Após ouvir a denúncia, o coordenador regional da Operação Upatakon, Fernando Romero, afirmou que os policiais federais não estão usando granadas de gás lacrimogêneo ou pimenta nos treinamentos que estão ocorrendo no prédio da extinta Cobal, no bairro 31 de Março.

Segundo Romero, não foram feitos treinos com artefatos explosivos e os que estão sendo usados são apenas de efeito moral, não-letais, e de efeito controlado que não expelem nenhum tipo de fumaça nociva às pessoas. "Nós usamos apenas para causar efeito moral", especificou.

O coordenador esclareceu que está sendo procurada uma área específica para a realização dos treinamentos dos integrantes da operação, longe de bairros residenciais.

Durante o tempo em que a equipe de reportagem esteve no local, várias granadas de efeito moral foram explodidas pela PF. O comandante da operação foi até o centro do treinamento e trouxe pedaços do artefato, explicando que eles não provocam nenhum tipo de mau cheiro ou contaminação.

COBAL - A Polícia Federal transferiu na segunda-feira, 07, os armamentos que seriam utilizados na Operação Upatakon 3 da sede da Superintendência da Polícia Federal para o prédio da antiga Cobal. Nesse período iniciaram os treinamentos no local para a ação de retirada dos não-índios da Raposa Serra do Sol e continuam mesmo com o adiamento da operação.

Conheça as armas de efeito moral usadas pela Federal

As armas de efeito moral são usadas para controlar situações de tumulto sem ferir ou matar os envolvidos. O princípio consiste em paralisar pelo susto. Existem quatro tipos de bombas.

- Gás lacrimogêneo
A mais conhecida é a granada de gás lacrimogêneo que, ao ser disparada, solta um gás que irrita os olhos, a pele e a laringe e ainda provoca mal-estar. Os efeitos são momentâneos.

- Granadas de fumaça colorida
Outro artifício são as granadas de fumaça colorida que formam uma espessa cortina que impede a vítima de se orientar. Geralmente, são usadas em conjunto com as granadas explosivas de luz e som. Quem sofre esses efeitos termina desorientado e praticamente impossibilitado de qualquer reação. O corpo da bomba é produzido com um plástico especial, que se desintegra evitando a formação de estilhaços.

- Cartuchos de bala de borracha
Provocam pequenos hematomas e só podem ser disparadas a uma distância de, no mínimo, 30 metros.

- Spray de pimenta
O spray de pimenta é uma espécie de arma não letal, utilizada por militares ou polícias para controle de distúrbios civis ou defesa pessoal. Em alguns países é permitido para uso pessoal. O gás atua nas mucosas dos olhos, nariz e da boca, causando irritação, ardor e sensação de pânico.

O gás-pimenta é um agente inflamatório. Causa de imediato o fecho dos olhos. A extensão dos efeitos depende da quantidade disparada, mas a média de tempo do efeito é de cerca de 30 minutos, com ligeiros efeitos durante horas.

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