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Preconceitos fazem índios não assumirem sua identidade

Folha de Boa Vista-RR
20 de Mai de 2002

A índia Blandina Tomaz da Silva e seu esposo, Maurício Tomaz, sentiram a força do preconceito quando, em 1973, resolveram deixar a maloca Macuxi, município de Normandia, para tentar a vida em Boa Vista. O objetivo único do casal era dar aos filhos uma educação formal sólida, que propiciasse vida digna para eles.

Ao chegar na cidade, Blandina recebeu a ajuda das Irmãs Missionárias da Consolata. "Sou bastante grata a elas", relembra, salientando que a ajuda das religiosas foi fundamental para sua permanência no meio do povo branco.

Com seis filhos legítimos e um adotivo, Blandina diz ter sentido um forte impacto ao entrar no "mundo branco". Chegando a afirmar que a vida piorou em relação à que levava na maloca. "Mas, fazer o quê. Não dava mais para voltar atrás", conforma-se.
O maior impacto que sentiu ao chegar na cidade foi, segundo relata, o fato de ser discriminada por causa da sua origem indígena, coisa que ainda hoje acontece. "Mas eu não ligo para a discriminação. Eu sou índia e me orgulho disso".

Pelo menos uma alegria Blandina guarda consigo: dois de seus filhos obtiveram êxito na cidade, apesar das dificuldades. A filha mais velha estuda Antropologia, mas teve que trancar a matrícula por não ter condições de bancar os estudos. O outro filho é o artista plástico Bartolomeu da Silva, o Bartô, bastante conhecido na sociedade roraimense. "Há ainda um terceiro, que está concluindo o ensino fundamental, sempre com boas notas", frisou.

Apesar do preconceito, ela e o marido se dizem satisfeitos com a vida que levam, mas lamentam a pobreza que acarretou na falta de condições para dar prosseguimento aos estudos dos filhos.

Uma das prioridades para ela é manter os vínculos com o seu povo, que ainda vive na mesma maloca. Ela tem consciência da importância de se preservar seus costumes nativos. Não se deixou levar totalmente pela cultura branca.

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