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Autor: Marília Marques
04 de Dez de 2017
Povos indígenas, quilombolas, geraizeiros e outras comunidades tradicionais de todo país se reúnem entre terça (5) e quinta-feira (7), em Brasília, para uma troca de experiências com cientistas e pesquisadores sobre o desenvolvimento sustentável dos três principais biomas brasileiros: cerrado, caatinga e amazônia.
O projeto Bem Diverso é uma iniciativa do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud/ONU), em parceria com a Embrapa. O evento é aberto ao público, mas as vagas são limitadas a 200 pessoas. As inscrições devem ser feitas por e-mail (veja detalhes ao fim do texto).
O objetivo do evento, segundo os idealizadores, é unir conhecimentos acadêmicos e tradicionais para pensar a conservação da biodiversidade. Para Aldicir Scariot, organizador do encontro e também pesquisador da Embrapa, as comunidades "têm muito a contribuir", principalmente em relação à forma como se relacionam com o meio ambiente.
"Uma atividade tradicional causa um impacto bem menor do que o plantio homogêneo de eucalipto, da soja ou pastagem. Eles otimizam a paisagem como um todo e, como já fazem isso há muito tempo, desenvolveram estratégias de utilização de recursos sem impactar muito."
Um dos exemplos das trocas de saberes - acadêmicos e tradicionais - acontece em uma das mesas do último dia do evento, em que mulheres extrativistas vão relatar experiências de como vêm conquistando autonomia no campo.
Recursos hídricos no cerrado
Um outro ponto de debate do encontro com os povos tradicionais, pretende mostrar como o manejo inadequado do cerrado - o segundo maior bioma brasileiro - tem interferido na escassez de água em algumas regiões. Em entrevista ao G1, Scariot cita um dado que indica 50% de destruição da biodiversidade do cerrado. A área devastada é equivalente a três vezes a área do Distrito Federal.
O pesquisador da Embrapa cita a destruição descontrolada da vegetação nativa do cerrado como um dos motivos da crise hídrica no DF, por exemplo. Para Scariot, está provada a importância do bioma para a manutenção dos ciclos hidrológicos. "Há exemplo infindáveis de rios e nascentes que findaram devido ao mau uso do solo".
"Quando se preserva o cerrado e o utiliza de forma sustentável, se conserva a água, e isso agrega um valor difícil de ser mensurado: mantém as pessoas no campo com ocupação e dignidade, gerando renda e também contribuindo para uma alimentação mais saudável."
Troca de saberes
O estudante Rubem de Almeida, de 39 anos, vai trocar a região norte de Minas Gerais por Brasília, durante alguns dias, para participar do que ele considera uma "oportunidade de legitimar os saberes tradicionais".
O mineiro se considera um "geraizeiro" - povo tradicional que vive, em sua maioria, da agricultura na região de transição entre a caatinga e o cerrado. O termo advém da expressão "Gerais", entendida por alguns como sinônimo de cerrado.
Apesar de morar em Minas Gerais, Almeida é estudante do programa de pós-graduação em desenvolvimento sustentável na Universidade de Brasília (UnB) e faz o curso de mestrado na modalidade de alternância, quando a teoria aprendida em sala de aula é aliada às práticas e vivências na comunidade.
"É uma oportunidade rica de poder contribuir com meu povo para reconhecer esses conhecimentos como científicos também."
Como ciência, o estudante cita o modo como os moradores da região pratica o extrativismo de pequi, mangaba e maracujá do mato. "Geraizeiros têm jeito próprio de coletar esse fruto e transformá-los em produtos da culinária da região. São conhecimentos muito específicos e servem de exemplo, inclusive, para formular políticas públicas."
Serviço:
Encontro Anual do Bem Diverso
Onde: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen)
Auditório Assis de Bem, no Parque Estação Biológica Brasília
Quando: de 05 a 07 de dezembro de 2017
Inscrições: envie um e-mail comunicacaobemdiverso@gmail.com
(É necessário nome completo, CPF e telefone)
Vagas limitadas.
Evento gratuito
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/povos-tradicionais-se-…
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