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Povo Kuikuro terá patrimônio cultural documentado e preservado na própria aldeia

Funai
12 de Jul de 2007

Menos de um mês após a assinatura do acordo de cooperação entre a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (AIKAX), o presidente Márcio Meira irá acompanhar a inauguração do centro de documentação da Aldeia Kuikuro de Ipatse. Por meio do Protocolo de Intenções, assinado no dia 29 de junho, no Museu do Índio (RJ), a Funai reforçou o apoio à preservação e desenvolvimento de acervos visuais, sonoros e de documentação cultural dos povos indígenas.

Para celebrar a inauguração, a AIKAX organizou um evento nos dias 21 e 22 de julho, com programação diversificada. O Parque Indígena do Xingu será o cenário para projeção de vídeos narrados, filmados e editados pelos índios kuikuro. Trata-se do lançamento do DVD "Cineastas Indígenas", fruto de oficinas ministradas pela ONG Vídeo nas Aldeias (VNA), que há 14 anos promove o audiovisual nas comunidades indígenas, em parceira com a AIKAX, com sede na Aldeia Kuikuro, no município de Gaúcha do Norte, no Mato Grosso.

A Associação foi fundada em 2002 para proporcionar ao povo kuikuro o desenvolvimento de projetos e a captação de recursos com autonomia. A entidade, que tem caráter exclusivamente indígena, busca meios para atender às demandas internas da comunidade e sua atuação é direcionada à preservação do patrimônio cultural e ambiental. Por meio do projeto Documenta Kuikuro(DKK), vinculado ao Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a AIKAX documenta todo o conhecimento ritual, xamânico e musical, em colaboração com pesquisadores e cineastas indígenas.

O povo Kuikuro

Os Kuikuro são um povo de língua karib que habita a margem direita do Xingu, abaixo da foz do rio Suiá-missu/Posto Indígena Diauarum e às margens do rio Tuatuari. Suas aldeias localizam-se, desde as aldeias Txikão até as dos Waurá e Awetí/Posto Indígena Leonardo. As principais notícias sobre esse grupo datam do século XIX (1884). O antropólogo Eduardo Galvão (1965) considera que os grupos Naravute, Kustenau (Aruak), Aipatsé e Tsewá (Karib) - extintos, teriam se juntado aos Kalapálo e Kuikúru. Os Kuikúru atribuem a sua origem à antiga aldeia Nahuguá da qual vários subgrupos deram origem às atuais aldeias Karib.

Esse grupo multilíngüe e multiétnico é composto por 330 indivíduos das principais famílias lingüísticas da América do Sul (Tupi, Carib e Arawak). Trata-se de um sistema cultural único, fruto da mistura de povos de origens diversas, e que possui um rico patrimônio imaterial, cuja expressão mais forte são os rituais, sendo o mais célebre destes a cerimônia do kuarup. Apesar do processo de mudança em sua organização social, o grupo mantém suas cerimônias preservadas.
A vida cerimonial no Alto Xingu, no entanto, é muito mais rica: há uma quinzena de rituais, cada qual movido por um acervo de músicas e narrativas próprias, transmitidas

de geração em geração. O conjunto formado por cantos, músicas instrumentais, narrativas, ornamentos e rotinas rituais tem uma dimensão considerável e representa um desafio à memória social. Há ritos que possuem mais de duas centenas de cantos diferentes, os quais devem ser executados em uma seqüência exata, no momento exato e no local exato. Seus mitos integram o patrimônio cultural do alto Xingu; com destaque para o ritual do Jacuí, que na língua Kuikúru denomina-se Kavrutú, nome dado aos espíritos.

SERVIÇO
Inauguração do Centro de Documentação e Lançamento do DVD Cineastas Indígenas - Kuikuro
Local: Aldeia Kuikuro de Ipatse, Parque Indígena do Xingu.
Dias: 21 e 22 de julho de 2007

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