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Povo Krahô inaugura armazém no Dia do Índio

O Popular-Goiânia-GO
18 de Abr de 2004

O povo Krahô, que vive no Tocantins, vai comemorar o Dia Nacional do Índio, celebrado amanhã, 19 de abril, com a inauguração do Armazém Comunitário, construído com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O armazém vai proporcionar o escoamento da produção indígena, a compra de alimentos pela própria comunidade e a aquisição de alimentos tradicionais para a merenda escolar de suas escolas. Além da inauguração, o dia será comemorado com a realização de ritos tradicionais Krahô, como a corrida de tora.

A Associação União das Aldeias Krahô - Kapey e a Empresa Brasileira de Pesquisa agropecuária (Embrapa) vem desenvolvendo trabalho relacionado à segurança alimentar do povo Krahô, especialmente com ações de reintrodução de plantas que a comunidade perdeu no contato com outros povos. As ações são voltadas também à introdução de novas tecnologias,
dentro de uma proposta de troca de conhecimentos, respeitando a comunidade.

A Embrapa já introduziu cerca de 10 mil mudas de fruteiras, incluindo o caju anão precoce, que serão contemplados com a estrutura do Armazém Comunitário. Essa nova construção está inserida num complexo que compreende também uma casa de beneficiamento de alimentos, escola agroambiental e uma rádio comunitária.

A realização do evento insere-se na lógica de desenvolvimento diferenciado para o povo indígena Krahô, que tem buscado parcerias para resolver seus problemas relacionados à fome e à geração de renda.

Nas décadas de 60 e 70, os Krahôs foram estimulados a praticar sistemas de produção agrícola diferentes daqueles que tradicionalmente utilizavam. Com isso perderam variedades tradicionais, cujo cultivo estava relacionado a práticas culturais milenares, representadas por ritos e festas.

Em 1994, a Embrapa, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, forneceu aos indígenas as primeiras sementes tradicionais de milho, conservadas em seu banco de germoplasma.

Em 1995, os Krahôs devolveram as sementes para a Embrapa, fruto da primeira safra de milho tradicional colhido. A partir daí a empresa tem atuado na recuperação da diversidade das lavouras, levando técnicas de conservação de solos e sementes, de criação de pequenos e grandes animais, de plantio de árvores frutíferas e de uso e conservação de alimentos. O trabalho é realizado em parceria com a Funai, o BNDES e o Governo do Estado do Tocantins.

Essas ações resultaram em qualidade de vida para os Krahôs, que hoje recuperarem suas lavouras de subsistência e histórias, mitos, cantigas e festas ligadas às sementes e à agricultura, que estavam desaparecendo.

O Povo Krahô é formado por 17 aldeias, com uma população estimada em duas mil pessoas. As aldeias estão localizadas nos municípios de Goiatins e Itacajá, no estado do Tocantins, em um território de 3.200 quilômetros quadrados. A reserva onde vivem os Krahôs é considerada o
maior fragmento de Cerrado nativo conservado do Brasil.

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