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Posse do novo Cacique-Geral dos Potiguara

ANAÍ
27 de Mar de 2002

No dia 15 de março de 2002, sexta-feira passada, tomou posse, na Baía da Traição - PB, o novo Cacique-Geral dos Potiguara, Antônio Pessoa Gomes, mais conhecido como Caboquinho.
A posse do novo cacique foi marcada por vários rituais e danças que exprimiam a unidade e o espírito de luta do povo Potiguara. Na aldeia do Forte, ao lado do posto indígena reuniram-se índios das 25 aldeias da região, além de representantes dos povos Fulni-ô (PE), Xukuru do Ororubá (PE) e Tuxá de Rodelas (BA) e de entidades sociais, da Igreja Católica, partidos políticos, universidades e ONGs. Próxinmo às onze horas da manhã, ao som da gaita e dos bombos e maracás do toré, uma grande procissão tendo a frente os índios trajados, pintados de jenipapo e com tembetás de porco-espinho no queixo dirigiu-se até às margens do rio Sinimbu.
Lá chegando, formaram-se três grandes círculos: meninas ao centro, logo depois os meninos e por fora os adultos, homens e mulheres. No meio dos círculos ficaram os instrumentistas do toré com os bombos e a gaita, além do cacique Caboquinho, de sua irmã, Iolanda, e da pajé,
Fátima. Todos ajoelharam-se e teve início a pajelança, cujos pontos altos foram em torno da fogueira, onde a pajé fez a limpeza do cacique e de sua irmã e depois dentro do rio, onde ambos foram batizados e as águas purificaram e levaram para longe todas as impurezas e maus agouros. Ao sair do rio Caboquinho foiu consagrado em tupi e em português pelo professor Nel como o novo cacique dos Potiguara. Após essa cerimônia, a procissão retornou a sede do posto indígena e circulou-a num ato simbólico afirmação do povo Potiguara frente a FUNAI. Depois, então foi servido o almoço.
Durante a tarde seguiram-se as danças tradicionais do coco-de-roda e do toré, além de muitos pontos de jurema e de orações em favor do povo. Nesse momento deram-se as visitas de políticos locais, bem como as entrevistas com o novo cacique. Além disso Deputados estaduais e federais do Partido dos Trabalhadores e o Arcebispo da Paraíba manifestaram seu apoio ao novo cacique indo até a aldeia do Forte neste dia.
Este é um novo momento político para os Potiguara, onde um conjunto de lideranças mais novas, já conhecidas em nível regional, nacional e até internacional são consagradas pelos próprios índios como seus interlocutores privilegiados frente a sociedade nacional. Caboquinho traz anos de experiência como membro do CAPOIB(Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil) e da APOINME (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) e defendeu em seu discurso de posse a
luta pela regularização fundiária das terras indígenas Potiguara de Monte-Mor e Jacaré de São Domingos, a implementação da educação escolar indígena diferenciada, a melhoria da assistência à saúde e o incentivo às atividades produtivas através das associações comunitárias indígenas. " Valoriza, herói, o sangue derramado Afro-Tupi!"
(Coletado/enviado por: ANAI, em 27/03/02 13:43:

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