VOLTAR

POR CONTA PRÓPRIA

A Crítica-Manaus-AM
Autor: Loredana Kotinski
04 de Out de 2001

Índios Deni insistem em demarcar terras
Com a ajuda do Greenpeace, índios contrariam a Funai e demarcam suas terras
Os Deni não arredam o pé, e o Greenpeace também. Resultado: a demarcação dos mais de um milhão de hectares de terras dos índios Deni - localizadas entre os rios Purus e Juruá, englobando áreas dos Municípios de Itamarati, Tapauá e Lábrea, distante de Manaus cerca de mil quilômetros - vai continuar mesmo depois de a Fundação Nacional do Índio (Funai) ter enviado correspondência à entidade ambiental pedindo a suspensão dos trabalhos de demarcação.A informação foi dada ontem pelo coordenador do Greenpeace na Amazônia, Paulo Adário. Ele lembrou que a entidade está apenas oferecendo apoio logístico aos Deni, como alimentação, comunicação, transporte e treinamento aos indígenas para a realização dos trabalhos de campo. Os Deni já avisaram que não vão parar a demarcação e então nós continuaremos apoiando, disse ele.Segundo Adário, a Funai deveria agradecer e reconhecer o trabalho que está sendo realizado pelos Deni e que, na verdade, cabe à Funai fazer. Nós encaminhamos uma resposta à Funai, com todas as cartas dos Deni e uma nossa (Greenpeace) e com um parecer jurídico mostrando que os índios estão cumprindo com o direito deles.Na resposta, o Greenpeace esclarece que são os Deni os agentes da demarcação. E apresenta uma coletânea de cartas dos Deni, onde o apoio à demarcação de suas terras é solicitado. A entidade admite que, em parceria com o Conselho Indigenista Missionário e com a Operação Amazônia Nativa, capacitou os indígenas no ano passado para acompanhar os trabalhos de demarcação que deveriam ser executados pela Funai.A correspondência continua com o parecer da advogada Judite Naja Garcez Mochiizawa. Segundo ela, o prazo para que o Ministro da Justiça assinasse a portaria declarando os limites da Terra Deni e determinando sua demarcação expirou em 21 de agosto de 2001. A alegação vale para sustentar a tese de que, somente depois de vencidos todos os prazos, os Deni anunciaram a demarcação.Durante a coletiva, o líder dos Deni, Biruvi, contou por telefone satélite que esperaram o Governo Federal demarcar suas terras desde 1985. Eles não cumpriram suas promessas... Por que eles querem nos impedir agora?, reclamou o indígena. Ele afirmou que a demarcação prossegue enquanto o Governo Federal não definir uma data para que a União faça o trabalho.Os índios argumentam que seu território tem sido alvo de pesca predatória e exploração ilegal de madeira, e precisa ser protegido com urgência. A prova principal foi a denúncia de extração clandestina de madeira, denunciada pelo Greenpeace, que seria iniciada este ano pela madeireira da Malásia, WTK, produtora de compensados.A multinacional, de acordo com o Greenpeace, teria comprado 313 mil hectares de terra na região do Juruá, sendo que 150 mil estariam dentro da área Deni. O alerta foi o grande motivador para que os Deni pedissem ajuda e iniciassem, por conta própria, a demarcação dos limites de suas terras. Os trabalhos iniciaram há 22 dias, com base no mapa da Funai e com o apoio de técnicos contratados pelo Greenpeace.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.