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Poluição e uso irresponsável da água ameaçam mananciais

Cidadania n. 44, ago-set, p. 1
31 de Ago de 2008

Poluição e uso irresponsável da água ameaçam mananciais

Os mananciais, vastas regiões de vegetação onde há nascentes, fornecem a maior parte da água que consumimos. Eles podem ser de superfície lagos, rios e represas - e subterrâneos - lençóis freáticos ou poços. O Brasil é privilegiado em termos de recursos hídricos: detém 12% do total de água doce superficial do mundo. No Estado de São Paulo, dois dos principais mananciais são as represas de Guarapiranga e Billings, responsáveis pelo fornecimento de água a 5,4 milhões de pessoas, na Região Metropolitana da capital.

Tanto Guarapiranga como Billings sofrem com o tempo seco, o uso indiscriminado da água e com a presença de 1,5 milhão de pessoas morando nos entornos, sem acesso à coleta e ao adequado tratamento de esgoto. Os detritos produzidos por essa população (que se compara à da cidade gaúcha de Porto Alegre) são despejados diretamente nas águas represadas.
Desde 1996, o Instituto Sócio Ambiental, ISA, realiza diagnósticos da situação das represas que abastecem a Grande São Paulo.
O monitoramento compreende a produção e atualização de relatórios socioambientais, a realização de seminários para proposição de ações de recuperação e conservação, o acompanhamento e a proposição de políticas públicas. No último diagnóstico do ISA sobre a Guarapiranga, divulgado em 2005, foi revelado que os problemas da represa têm se intensificado. Entre 1989 e 2003, a parcela da bacia ocupada por atividades humanas aumentou de 57,8% para 59,3%, em detrimento daquelas cobertas por vegetação remanescente de Mata Atlântica e pelo reservatório de água.
A contaminação das fontes de água não é exclusividade de São Paulo. Outras regiões do Brasil sofrem com o problema. Um estudo de autoria de Thomas Gregor, do Departamento de Antropologia da Universidade de Vanderbilt, dos Estados Unidos, aponta que "a qualidade da água foi inquestionavelmente afetada" no Curisevo, um dos afluentes formadores do Rio Xingu, no Parque indígena do Xingu, norte do Mato Grosso, e que abriga mais de cinco mil índios, de 14 diferentes etnias. 0 pesquisador concluiu que o problema pode estar sendo causado pelo acesso permitido do gado aos cursos d'água locais, por dejetos despejados por esgotos de cidades e pousadas que ficam próximas ao Parque.
Solução caseira evita o desperdício
Gilmar Altamirano, diretor de Comunicação da Universidade da Água, Ong que há 10 anos luta para promovera proteção, preservação e recuperação da água, lembra que o rápido crescimento das cidades, em especiais as metrópoles, nas últimas décadas, foi um fator agravante no que diz respeito à qualidade e disponibilidade do recurso, mas não o único. Segundo ele, comodidades do mundo moderno facilitaram os excessos. Ele cita, por exemplo, o banheiro, que ganha cada vez mais ares de vilão devido a banheiras e outros confortos típicos.
Para mudar a situação atual, Altamirano defende uma mudança de comportamento em relação ao consumo da água, mas também a adoção por parte do poder público de políticas sólidas para a gestão da água, do lixo e do esgoto, três fatores relacionados e que, segundo ele, "não há corno serem trabalhados de forma isolada".

A onda de valorização
A água potável está caminhando para se tornar um dos recursos mais caros do mundo. O índice Bloomberg, ao avaliar 11 empresas do setor de água, registrou rendimento anual de 35%, desde 2003, em relação a 29% das ações de petróleo. Essa valorização é proporcional à escassez do produto.

Na Internet
Para conhecer mais sobre a importância da preservação e conservação dos mananciais e aprender sobre o uso racional da água visite os endereços abaixo:
www.socioambiental.org
www.mananciais.org.br
www.uniagua.org.br
www.pura.poli.usp.br/dicas.htm

Cidadania n. 44, ago-set, p. 1

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