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Politizacao da Embrapa

OESP, Notas e Informacoes, p.A3
17 de Fev de 2004

Politização da Embrapa
Com relação às matérias das páginas A8 e A9 da edição de 15/2, pondero que a posição de poucos pesquisadores anônimos não representa a opinião da grande maioria dos 8.619 empregados da Embrapa. Quando a matéria afirma que, para a Embrapa, "o agronegócio aparece, literalmente, em segundo plano", vale destacar que a Embrapa manteve inalterada sua programação de projetos de pesquisa, sendo a maior parte voltada para o apoio à inovação tecnológica referente ao agronegócio. Consta ainda que, ao longo de 2003, foram substituídos 19 dos 37 chefes dos centros de pesquisa da Embrapa, e 10 dessas chefias seriam controladas pelo PT. Na realidade, os novos chefes designados pela atual diretoria submeteram-se a um extenso processo de seleção por edital público, incluindo avaliação de aptidão gerencial realizada por empresa privada especializada no recrutamento de executivos.
Além disso, qualquer cidadão brasileiro que atenda aos requisitos técnicos divulgados, independentemente do perfil ideológico, está potencialmente apto a ocupar cargo de gestão na Embrapa. Finalmente, afirma-se que a equipe da Secretaria de Propriedade Intelectual se desfez. Isso não é verdade. A secretaria continua funcionando, apenas tendo se transformado em gerência, de modo a torná-la mais ágil e eficiente na condução dos negócios da Embrapa com a iniciativa privada. Esta mudança contribuiu para elevar a arrecadação da Empresa, via royalties, de R$ 5,3 milhões, em 2002, para R$ 8,89 milhões, em 2003. Paola Ligasacchi, assessora de Comunicação Social da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Brasília Com relação à matéria Nova Embrapa assusta pesquisadores (A8, 15/2), tenho o direito de exigir algumas correções uma vez que meu nome foi mencionado.
Primeiramente, faço questão de registrar minha total discordância com o teor da matéria, uma vez que procura apenas denegrir a imagem institucional da Embrapa, por inverdades creditadas a pessoas que, se dizendo "pesquisadoras" da empresa, não assumem em público suas posições. No momento em que vivemos o período mais democrático da história do Brasil, não consigo conceber que cartas anônimas ou acusações levianas possam circular num veículo de comunicação tão expressivo como o Estado. O fato central da matéria, que leva a assinatura do jornalista Lourival Sant'Anna, considera que a Embrapa prioriza a agricultura familiar em detrimento do agronegócio, não dá conta da complexidade do sistema produtivo rural brasileiro. O jornalista simplifica o debate, não compreendendo que os dois segmentos não são conflitantes, pelo contrário, a estratégia de governo (executada pela Embrapa) adota uma série de programas e ações definidas no PPA 2004/2007 envolvendo de forma complementar os dois segmentos: agricultura familiar e agronegócio. O agronegócio é tão importante para a Embrapa que mantivemos toda a programação de pesquisa do período do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Preservamos os programas de pesquisas, inclusive ampliando o volume de recursos orçamentários alocados nas pesquisas com agricultura de precisão, para viabilizar o atendimento de demandas do segmento do agronegócio. Para finalizar, gostaria de registrar que, infelizmente, não tive a sorte de ter nascido na mesma família da sra. ministra Marina Silva.
Nem eu nem minha esposa temos laços familiares com a ministra do Meio Ambiente, a quem muito apreciamos. Herbert Cavalcante de Lima, diretor-executivo da Embrapa O artigo Nada supera impacto positivo da pesquisa no agronegócio (15/2, A9) apresenta indicadores de crescimento da agricultura brasileira e conclui, de forma contundente: "A principal responsável por tudo isso é a Embrapa." Ora, essa matéria comete o terrível erro de desprezar por simplesmente desconhecer a estrutura estadual de pesquisa agropecuária. Essas organizações estaduais no seu conjunto têm um total de técnicos que, somados, é igual ao da Embrapa. Mais ainda, muitas vivem situação de crise e algumas delas foram simplesmente fechadas pelo esquecimento nos anos recentes. José Sidnei Gonçalves, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) O repórter Lourival Sant'Anna responde: De fato, não foram ouvidos os 8.619 empregados da Embrapa, mas alguns de seus cientistas mais proeminentes - como afirmam o título e o texto -, que não se identificaram por medo de represálias. Não é a matéria, mas um "Ato de Gestão do Diretor-Presidente" que eleva a "primeira vertente prioritária" as pesquisas que favorecem agricultores familiares e assentados. As pesquisas destinadas ao agronegócio vêm depois, como "segunda vertente prioritária". Por fim, parece sintomático que a direção da Embrapa confunda "equipe", ou seja, os especialistas que abandonaram suas funções, com o status burocrático da Secretaria de Propriedade Intelectual. Quanto ao papel da Embrapa no êxito do agronegócio, a conclusão é de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), como explica a reportagem.

OESP, 17/02/2004, p.A3

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