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Políticos dão pouco espaço ao problema

A Crítica-Manaus-AM
27 de Ago de 2002

Gersem dos Santos Luciano lamenta que a questão ambiental ocupe espaço tão pequeno mesmo nos discursos políticos. "Mesmo naqueles partidos em que na agenda o tema está presente, este aparece de forma genérica, muito mais vinculado às unidades de conservação, de parques que são importantes, mas faltam propostas claras e amplas para dar conta do problema ambiental e das demandas das populações que vivem nas regiões de florestas tropicais", aponta.

Separar a discussão em torno da política ambiental de desenvolvimento econômico-social das populações é, na opinião de Gersem, insistir em um erro grave.

Os Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas (PDPI), uma proposta articulada pelo movimento indígena no âmbito do Governo Federal e das agências de cooperação internacional, é, de acordo com Gersem, um evento visível da conquista da ação articulada dos indígenas e, como tal, constitui-se em um grande desafio - o de continuar sendo exemplo, não passivo, mas participativo -, e contribuir decisivamente para o fortalecimento das comunidades indígenas e do movimento. "O desafio maior do PDPI é ser um marco histórico importante, positivo, não só aos movimento indígena, mas também na relação com o Estado, com o poder público e com a sociedade em geral", enumera o gerente-técnico do projeto.

O Brasil chega à Cúpula de Johanesburgo como um dos países que mais avançaram na área ambiental e tendo na Amazônia o seu maior trunfo. Gersem entende que, de fato, o País, quando comparado a outros, saiu na frente. Ele cita a criação e desenvolvimento do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais como uma iniciativa importante, pois mostrou ser possível tratar a questão ambiental a partir das comunidades locais, indígenas e ribeirinhos. "É uma experiência que outros países devem conhecer, inclusive aqueles da Amazônia Continental, mas não se pode achar que o País resolveu seus problemas, pois, como ações piloto elas não representam nem 1% da realidade total da Amazônia. Não é uma coisa acabada, apenas uma gota d'água num mar de desafios", ressalta Gersem. Dar o segundo passo nesse programa, que é transformar as iniciativas inovadoras na Amazônia em políticas públicas é, a partir de agora, diz ele, um outro desafio. Para os indígenas, a Cúpula de Johanesburgo tem que ser um espaço de trabalho à sensibilização das lideranças mundiais quanto às políticas ambientais que vêm sendo implementadas. Esse evento, espera Gersem, deve servir de alimento novo no sentido de mostrar aos governos e às lideranças sociais que é preciso reverter a situação de ameaça que paira sobre a humanidade (representada pela mudança climática, escassez de água em condição de consumo humano, pobreza e ações predatórias). "É muito importante o papel que a sociedade joga e, embora os países ricos, liderados pelos EUA, tenham tentado boicotar o encontro, o fato de várias pessoas de diferentes partes do mundo se reunirem para discutir seus problemas, trocar experiências, aumentar a rede de informações, é algo positivo que dará bons resultados."

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