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Policia prende agricultor ligado a Dorothy

FSP, Brasil, p.A19
05 de Mai de 2005

A Justiça expediu mandados de prisão de outros 5 amigos da freira assassinada, acusados da morte de trabalhador
Polícia prende agricultor ligado a Dorothy
Silvio Navarro
Da agência Folha
A Polícia Civil de Anapu (PA) prendeu ontem o agricultor Luiz Moraes de Brito e procura por outros cinco trabalhadores rurais, todos ligados à missionária Dorothy Stang, assassinada em fevereiro. Eles são acusados de envolvimento na morte de Adalberto Xavier Leal, o "Cabeludo".
Segundo a Polícia Civil, os trabalhadores rurais teriam matado Leal, algumas horas depois da morte da freira (em 12 de fevereiro), por vingança. Leal trabalhava no lote de Amair Feijoli da Cunha, o Tato, que confessou ter sido o intermediário da morte da freira.
A outra linha de investigação, aventada em apuração paralela da Polícia Federal, é que a morte de Leal se tratava de "queima de arquivo", pois ele poderia apontar assassinos da freira e mandantes.
Os mandados de prisão preventiva foram expedidos pelo juiz da Comarca de Pacajá (PA), Lucas do Carmo de Jesus, a pedido da Polícia Civil, na semana passada.
Brito foi preso ontem em Anapu e levado para a delegacia de Altamira (PA). Os demais ainda não foram localizados, mas, segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), estão no PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, idealizado por Dorothy.
A lista de agricultores cujas prisões foram decretadas inclui Geraldo Magela Filho, considerado braço direito da freira, José Rodrigues da Silva, o Zé Dentista, e outros três, citados como Felix Pereira, Cláudio e Raimundo, conhecido como "Mundão".
Leal trabalhava na gleba Bacajá, reivindicada pelo fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser um dos mandantes da morte de Dorothy. À época do assassinato, o delegado de Anapu, Marcelo Ferreira de Souza Luz, disse que testemunhas apontaram Magela e Zé Dentista como autores do crime. A PF, entretanto, descartava essa hipótese.
Má-fé
Para a CPT, a prisão dos agricultores caracteriza "uma ação de má-fé" da polícia, "numa tentativa de criminalizar e prejudicar os trabalhadores para beneficiar os fazendeiros presos". A entidade se refere a Bida, Tato e Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão.
"Esse delegado [Marcelo Luz] é o mesmo que foi acusado pelo Bida de receber dinheiro para proteger as fazendas. É uma ação articulada da polícia com os fazendeiros", afirmou o advogado da CPT José Batista Gonçalves. Ele disse que a entidade prepara um documento com "uma série de outras denúncias" contra o delegado que será entregue amanhã à Procuradoria da República em Belém.
Marcelo Luz afirmou que a CPT "não tem mais credibilidade" e que se tratava de "um grupo armado, braço de apoio de Dorothy". "É uma tática para tentar desmoralizar a autoridade para defender os interesses deles", afirmou o delegado.
FSP, 05/05/2005, p. A19

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