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Polícia prende acusado de roubo de madeira em reserva indígena

O Liberal - Belém - PA
03 de Mai de 2001

A Polícia Federal prendeu, no município de Altamira, Ângelo Lopes Pereira, 33 anos. Ele é acusado de, desde 1996 e juntamente com outras seis pessoas, vir extraindo madeira ilegalmente, especialmente mogno, da reserva indígena Apyterewa. Habitada pelos índios Parakanã, essa área situa-se nos municípios de São Félix do Xingu, Altamira e Senador José Porfírio. O juiz federal Rubens Rollo DOliveira decretou a prisão preventiva de Ângelo no dia 17 de abril deste ano, para garantir a ordem pública. Ele é acusado de furto de madeira e formação de quadrilha.

Esta é a segunda vez em que Ângelo tem sua prisão preventiva decretada pela Justiça Federal. O procurador da República em Marabá, Orlando Martello Júnior, do Ministério Público Federal, informa que, na época em que teve sua prisão preventiva revogada, Ângelo, demonstrando sua tendência à prática criminosa, retornou àquela área indígena, reavendo suas atividades ilícitas, passando, inclusive, a proferir ameaças veladas contra as testemunhas que ali se encontravam.

Em função desses fatos, em 20 de agosto de 1998 o Ministério Público Federal requereu novamente a decretação da prisão preventiva de Ângelo, para garantir a ordem pública, já que ele persistia em perpetrar os atos criminosos pelos quais estava denunciado. A prisão preventiva foi decretada pela Justiça Federal, mas, devido à difícil localização de Ângelo e às precárias condições financeiras do Departamento de Polícia Federal de Marabá, ainda conforme o promotor, o mandado de prisão somente foi cumprido no dia 4 de setembro do ano passado, dois anos depois de requerida a prisão do acusado.

Aliciamento - Por essa razão, o Ministério Público Federal manifestou-se favorável à revogação da prisão dele. Só que, no dia 31 de março deste ano, conforme informação da administração regional da Funai em Altamira, Ângelo retornou à região e, juntamente com outro acusado, cujo nome não é citado no despacho do procurador, voltou a aliciar índios da etnia Araweté, dando-lhes dinheiro e prometendo armas, para que eles permitissem a retirada ilegal de madeira de suas terras, como de fato vem ocorrendo. O território Araweté, ressalta o Ministério Público Federal, encontra-se com seu processo de regularização fundiária concluído, sendo o último reduto inexplorado de madeira do Sul do Pará.

A prisão de Ângelo, portanto, argumenta o procurador Orlando Martello Júnior, é necessária à manutenção da ordem pública. O procurador dá todas essas informações ao solicitar, à Justiça Federal, a decretação da preventiva do acusado. Ontem à tarde, o delegado José Ferreira Sales, da Polícia Federal, informou que o endereço de Ângelo é difícil de ser encontrado, motivo que justifica os federais demorarem semanas para prendê-lo. Ele foi capturado, na última segunda-feira, quando estava num hotel, em Altamira. Em entrevista a O LIBERAL, Ângelo negou todas as acusações. O acusado disse que, no ano passado e sob a mesma acusação, foi preso pela Polícia Federal de Marabá e que, em outubro, passou 23 dias preso.

Ângelo afirmou que provou sua inocência e foi solto. Ele também disse que há pessoas que estão mentindo para os policiais federais, e que por isso seu nome associado ao furto de madeira de área indígena. Ângelo afirmou que, mais uma vez, vai provar sua inocência.

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