OESP, Nacional, p.A9
11 de Mar de 2005
Polícia investiga tabela de preços dos matadores
Lista com valores cobrados por pistoleiros no Pará para eliminar pessoas envolvidas no combate à grilagem é apurada em inquérito
Leonencio Nossa
Enviado especial
Colaborou: Vannildo Mendes
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar uma suposta tabela de preços cobrada por pistoleiros que agem no Pará. Os valores levariam em conta a importância das lideranças rurais na organização de movimentos de combate à grilagem e exploração ilegal de madeira. O frei Henri des Rosiers, da Comissão Pastoral da Terra de Xinguara, seria a "encomenda" de valor mais elevado - R$ 100 mil, segundo informações repassadas por entidades da área de direitos humanos. Os matadores cobrariam preços específicos para eliminar padres (R$ 20 mil), sindicalistas (R$ 10 mil), pistoleiros como "queima de arquivo" (R$ 8 mil) e líderes de assentamentos (R$ 5 mil). A morte de um juiz, por valer mais, não teria preço definido.
No inquérito que enviou ao Ministério Público na semana passada, a PF concluiu que Rayfran Sales e Clodoaldo Batista, os executores da missionária Dorothy Stang, morta com seis tiros no dia 12 de fevereiro, em Anapu, receberam a promessa de ganhar R$ 50 mil do acusado de ser o mandante do crime, o fazendeiro Vitalmiro Matos de Moura, o Bida, ainda foragido. Mas os matadores da religiosa foram classificados por peritos como pistoleiros "sem experiência", que não seguem a suposta tabela do crime. Os dois só teriam recebido R$ 50 para fugir.
PARCERIA
O Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra firmaram parceria com o Ministério da Defesa para realização de um raio X agrário da região do Pará cortada pelas rodovias Transamazônica e BR-163 (Cuiabá-Santarém), chamada Terra do Meio. O georreferenciamento (nome técnico do trabalho) abrangerá 111 mil imóveis, num total de 16 milhões de hectares, ou quase 13% do Estado. O objetivo é subsidiar as operações de combate à grilagem, ao desmatamento ilegal e à violência.
OESP, 11/03/2005, p. A9
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