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Polícia Federal faz nova retirada de plantação de maconha da área

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
20 de Abr de 2003

Numa operação realizada pelas polícias Federal e Militar, no último dia 10, foram erradicados 378 pés de maconha de duas ilhotas do arquipélago de Assunção, na reserva dos índios trukás.

A Agência Folha acompanhou a ação. Por segurança, os repórteres usaram coletes à prova de bala.
Segundo a PF, os pés de maconha indicam que os índios voltam a plantar logo em seguida ao fim das operações e que dificultam cada vez mais o acesso dos policiais às lavouras. Há pouco mais de um mês, a PF erradicou 74.954 pés e apreendeu 394,5 kg de maconha em vários pontos da ilha.
A PF diz que os índios ganham R$ 0,20 por quilo de cebola (principal cultura da região) e R$ 100 por quilo de maconha.
Armados com fuzis e metralhadoras, os policiais iniciaram a operação às 11h, partindo da ponte de Cabrobó.
Sem helicóptero, os policiais federais da delegacia de Salgueiro -responsável pelas investigações do Polígono da Maconha- contaram com o apoio da 2ª Companhia Independente da PM.
Sob um sol escaldante, numa voadeira (barco rápido), os policiais margearam a ilha pelo rio São Francisco. Índios que, segundo a PF, atuam como seguranças dos traficantes nas plantações foram vistos fugindo.
Numa área de difícil acesso próxima à aldeia Pambuzinho, os policiais decidiram abrir uma frente de erradicação, às 12h20.
Como a mata é muito fechada e alagada, foi preciso fazer picadas, passar por debaixo de troncos caídos e plantas com espinhos para encontrar as lavouras a cerca de 150 m da margem do rio.
A plantação encontrada já estava com um mês e meio, e alguns pés estavam no ponto de colher com mais de 1,5 m. "Apesar das operações, continua tendo uma incidência de plantações na ilha e, para erradicar tudo, são necessárias operações permanentes", disse o agente da PF Rogério Matos.
Para o comandante da 2ª Companhia Independente da PM em Cabrobó, capitão José Mário de Araújo, a solução para o conflito na reserva indígena passa pela presença do Estado na área.
A polícia diz ter informações de que os índios traficantes estariam usando a reserva para o tráfico de armas. "Eles [os índios traficantes" têm armamento pesado e importado, pouco comum nos organismos policias, e usam a reserva, pelo seu difícil acesso, como esconderijo", disse capitão Araújo.
Depois da operação, os policiais seguiram para a aldeia de Pambuzinho, onde o cacique truká Ailson dos Santos, o Isô, conversou com a reportagem. Antes de chegar ao local, ele passou pelo lugar onde foram assassinados dois índios no último dia 29. "Eu sei que a qualquer momento eu posso morrer, mas espero que as autoridades se importem com esse problema para ajudar e garantir a integridade do meu povo", disse Isô, que se diz jurado de morte e evita ficar na reserva. (KB)

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