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Polícia e Cimi divergem quanto a protesto de índios Guajajara no Maranhão

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Danielle Coimbra
27 de Mai de 2005

A Polícia Civil do Maranhão informou que, desde o assassinato do índio João Araújo Guajajara no dia 21 deste mês, em Grajaú, a tribo Guajajara vem promovendo atos de protesto no município. O delegado de polícia Michel de Sousa Sampaio afirma, em relatório divulgado hoje (27), que houve vários assaltos a ônibus que trafegam próximo às aldeias indígenas.

"As vítimas informaram que os índios se encontravam encapuzados e em posse de armas de fogo", disse o delegado. De acordo com o relato das vítimas, os índios levavam sempre dinheiro, celulares e outros objetos pessoais de valor considerável. O delegado disse que, depois do assassinato de João Guajajara, os índios atearam fogo à casa de um dos acusados pelo crime, o fazendeiro Milton Alves da Rocha, conhecido como Milton Careca. Segundo ele, os índios destruíram também uma ponte de madeira, que constitui "importante ligação entre inúmeras localidades. Sem a ponte, várias famílias ficaram literalmente isoladas".

O delegado informou que muitos fazendeiros já foram à delegacia para contar que tiveram sacas de arroz queimadas pelos índios. Alguns gerentes de carvoarias informaram também que os índios saquearam suas sedes e roubaram vários pertences e mantimentos. Os índios logo vão para o interior da reserva e "não é possível, portanto, realizar perseguição", disse o delegado.

A coordenadora do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Rosimeire de Jesus Diniz Santos, entretanto, contesta as informações de que os índios teriam queimado sacas de arroz e diz que não tem conhecimento dos assaltos a ônibus. "É uma disputa por terras apenas com aqueles que os ameaçam, como é o caso do Milton Careca. Eles tocaram fogo na casa dele e derrubaram a ponte, mas não fizeram mais nada além disso", afirmou Rosimeire.

Quanto aos assaltos a ônibus, Rosemeire disse que ainda não tinha ficado sabendo de nada sobre o assunto. "Temos duas missionárias acompanhando os índios em Grajaú e nada foi passado para o Cimi em relação a esses assaltos", acrescentou.

A coordenadora do Cimi disse que, desde 2001, os Guajajara reivindicam o restante de suas terras. Eram 145 mil hectares, mas, em 1980, foram reduzidas para 82 mil. Segundo Rosimeire de Jesus, o fazendeiro Milton Alves da Rocha ocupava uma parte dessa área, que ainda não foi recuperado pelos índios, e freqüentemente os ameaçava para que desocupassem o terreno.

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