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PM retira índios de área invadida em Miranda; quatro estão presos, um teria sido ferido

Midiamax News - www.midiamax.com
Autor: Jacqueline Lopes e Kátia Kuratone
17 de Jun de 2008

Bombas de efeito moral e balas de borracha foram utilizados pelos policiais militares no despejo dos 1,5 mil índios durante o cumprimento da desocupação da área de 114 hectares do Sítio Boa Vista, em Miranda, a 154 quilômetros da Capital. O que era para ser um despejo terminou em confronto hoje por volta das 6 horas.

A área conhecida por ser indígena já que está no limite da aldeia da etnia terena, a Passarinho (80 hectares), foi ocupada na sexta-feira. Eles tentam forçar a União a fazer as demarcações em Mato Grosso do Sul.

Porém, nesta manhã, com o mandado de reintegração de posse concedido pela juíza de Miranda, Vânia de Paula Arantes, policiais militares fizeram o despejo dos índios no local. De um lado, os policiais informam que houve resistência, de outro, os indígenas disseram que foram pegos de surpresa. Crianças, mulheres e idosos estavam no local. Dois homens e duas mulheres foram presos. Uma delas foi trocada por um índio, ainda conforme relato de um indígena, cuja identidade foi preservada a pedido do entrevistado.

Ao Midiamax, um dos indígenas disse que prisões foram feitas dentro da Aldeia Passarinho, o que seria ilegal, e também que o oficial de Justiça não apresentou a ordem de despejo. "Chegaram e derrubaram a placa da Funai (Fundação Nacional do Índio), o portão, e não apresentaram nada".

O Midiamax já tentou contato com o comandante da operação da PM, mas a informação é de que ele acompanha os presos na Polícia Civil e não há condições ainda para entrevistas.

O governo federal já anunciou que deverá acelerar o processo de demarcação de área indígena no País.

Barril de pólvora

No domingo, o administrador regional da Funai em Campo Grande, Claudionor do Carmo Miranda esteve em Aquidauana, onde desde sexta-feira (13) indígenas protestavam com bloqueio de estradas e reféns pedindo demarcação de terra. Às 14 horas de domingo a manifestação cessou com a promessa de que ainda está semana (terça ou quarta-feira) uma comissão formada pelas lideranças indígenas vá para Brasília (DF).

Pelo menos 1,2 mil pessoas estiveram reunidas com o administrador da Funai na estrada vicinal que liga o Distrito de Taunay às fazendas da região. Cinco pessoas chegaram a ser feitas reféns, mas foram liberadas. No sábado, um motorista da Viação Expresso Mato Grosso ficou preso por volta das 6 horas quando tentava passar pelo bloqueio. Ele foi liberado somente às 17 horas, segundo a PM.

O chefe do serviço de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente da Funai (Fundação Nacional do Índio) e administrador substituto da entidade em Campo Grande, Antônio Ricardo Araújo, ficou por pelo menos 13 horas como refém do grupo de quase 500 índios de sete aldeias do distrito de Taunay, em Aquidauana.

Os índios querem o distrito inteiro para eles e a expulsão de todos os habitantes brancos do local. É uma área total de 33 mil hectares, que segundo estudos antropológicos, foi terra dos índios terenas.

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