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PM quer conter violência em Pau Brasil

A Tarde-Salvador-BA
Autor: (Ana Cristina Oliveira)
20 de Jul de 2002

Um contingente da Polícia Militar iniciou, ontem, um cerco para apreender armas e conter a violência no município de Pau Brasil, após o assassinato do índio pataxó hã-hã-hãe, Raimundo Neres. Ele foi tocaiado e morto, na madrugada de anteontem, na Fazenda São Francisco, de propriedade de Valdir Alves, na região de Taquari, distante cerca de 20 km do centro da cidade. Barreiras policiais protegem as estradas de acesso às áreas indígenas e a entrada da cidade.
No início da manhã de ontem, policiais apreenderam uma Bereta calibre 38 e lavraram um termo contingenciado contra Carlos Alberto Sena, dono da arma, que vai responder a processo. A Polícia Federal mantém na área cerca de 20 agentes, comandados pelo delegado Nelson Pires, que levantam informações sobre o assassinato de Raimundo Neres. O corpo do pataxó foi necropsiado no Departamento de Polícia Técnica, em Itabuna. O enterro aconteceu na tarde de ontem, no cemitério da Aldeia São Lucas, em cerimônia com apresentação do toré e rituais fúnebres.
Ação permanente
Ao lado de lideranças indígenas, de parlamentares e do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado, Yulo Oiticica (PT), o delegado da PF percorreu áreas onde ocorreram os últimos atos de violência. O grupo entrou numa casa da Fazenda Letícia, de propriedade do ex-prefeito Durval Santana, que estava semidestruída e com as paredes crivadas de balas, do tiroteio ocorrido na última segunda-feira, em que saiu ferido o índio Carlos Silva.
O delegado reconhece a gravidade da situação em Pau Brasil e a necessidade de uma ação permanente da PF, com um efetivo maior de agentes, para deter a escalada de violência no município. O deputado federal Valter Pinheiro (PT) disse que comunicou à Polícia Federal, em Brasília, e ao Ministério da Justiça, sobre a necessidade de uma operação imediata de desarmamento na área, que a PF em Ilhéus não tem efetivo para realizar. Yulo Oiticica, responsabilizou o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, pelos atos de barbárie que estão acontecendo em Pau Brasil. "Ele já podia ter julgado a ação de nulidade de títulos que tramita no STF há 20 anos e é motivo de vergonha para o Brasil", disse o deputado. Valter Pinheiro pediu aos bispos regionais e de Salvador uma posição da CNBB para pressionar o STF a votar a ação de nulidade de títulos e acabar com a violência.

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