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Plano reduz casos de malária na reserva indígena yanomami

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
13 de Jun de 2002

O curso de atualização dos conhecimentos da malária direcionado aos profissionais de saúde que trabalham em áreas indígenas está sendo ministrado durante a semana no auditório do hotel Uiramutã pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Até amanhã 55 profissionais entre auxiliares de enfermagem, enfermeiros, agentes de saúde e médicos participam do treinamento. O objetivo é atualizar os conhecimentos sobre a doença e principalmente avaliar o Plano de Controle da Malária (PLACM) do Distrito Sanitário Especial Yanomami (DSE - Yanomami).
Dentro da área yanomami existem 215 aldeias e 32 postos de saúde centrais com aproximadamente 300 pessoas atendendo às comunidades. A partir desses pólos as equipes viajam para as localidades onde realizam o atendimento domiciliar.
Cada profissional enviado para as comunidades recebe antes um treinamento de antropologia e ações preparatórias para atuação com os módulos sanitários, e doenças infecto-respiratórias (pneumonia, tuberculose e oncocercose) e atenções básicas para a diarréia e leishmaniose.
O controle da malária é complicado devido à distância das localidades, o grande número de aldeias, dimensões da área e o meio de transporte, que na maioria é feito por aviões fretados pela Funasa ou de propriedade de organizações que se financiam, gerando custos altos.
Outro fator importante é a questão do idioma falado pelos índios, que totalizam quatro Ninam, Sanumam, Yanomam e Yanomamo (todos originários do Yanomami) dificultando o trabalho das equipes.
Segundo o médico sanitarista da Funasa, Oneron Pittan, o evento servirá para que a instituição e as prestadoras de serviço definam um esquema de intervenção suplementar ao definido pelo PLACM para que se consiga zerar o número de casos de malária na maioria das comunidades yanomami.
A população indígena assistida pelo DSEY apresentou até os últimos dois anos os maiores coeficientes de incidência de casos graves e de mortalidade por malária de todo o Estado e do país.
O Ministério da Saúde reconhece como baixo risco para a malária o Índice Parasitário Anual (IPA) menor que 10. Os de médio risco são de 10 a 49. E os de alto risco maior que 50.
Num grupo que abrange a população de 26 pólos-base (9.485 yanomami) o IPA médio foi de 738,8 para 1000 habitantes em 1999. Elevo-se para 799,6/1000 em 2000, com 34,1% de casos sendo malária falciparum, registrando-se ocorrência de 11 mortes (entre elas, seis crianças menores de um ano), o que representa 10% do total de óbitos por malária no país.
Neste ano não houve nenhum caso de mortes registrado em Roraima entres os Yanomami, mas de duas crianças venezuelanas. "O maior entrave da doença é através dos índios que vêm da Venezuela atrás de assistência no Estado", explicou Oneron Pittan. Dentro da área indígena roraimense, no ano de 2000, foram 7.585 casos positivos da malária. Em 2001, somente 2.207, o que representa uma redução de 70%. Neste ano, até o mês de maio foram 267 casos confirmados.
Este decréscimo, segundo o sanitarista da Funasa, é devido à implementação do Plano de Controle da Malária em 2001 para os Yanomami. A Fundação elaborou estratégias baseadas na busca ativa de casos. "Em vez de esperarmos aparecer os sintomas, antecipamos a prevenção ao controle do anofelino - mosquito que transmite a malária - fazendo o combate do vetor", disse Pittan.
Segundo o chefe do Distrito Sanitário Yanomami (DSY), Edgar Magalhães, existem sete organizações não-governamentais a serviço do Ministério da Saúde trabalhando na área Yanomami. Urihi, Diocese de Roraima, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sanitário (INBDS) - que atua em São Gabriel da Cachoeira (AM) - e Serviço de Cooperação com o povo Yanomami - atuando em Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos (AM) são as quatro conveniadas com a Funasa.
Já a Missão Evangélica da Amazônia (Meva), Novas Tribos do Brasil (NTB) e Médicos do Mundo (MDM) trabalham com recursos próprios, mas recebem da Funasa medicamentos e inseticidas contra a malária.

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