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Plano prevê R$ 125 bi para energia

OESP, Economia, p. B1
15 de Mar de 2006

Plano prevê R$ 125 bi para energia
Esse é o total que o governo estima que será investido até 2015 na ampliação da geração e da transmissão

Leonardo Goy

O governo prevê que serão investidos cerca de R$ 125 bilhões até 2015 na expansão da geração e transmissão de energia elétrica no País. Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica, divulgado ontem pelo Ministério de Minas e Energia, R$ 40,7 bilhões deverão ser aplicados nesse período no sistema de transmissão.
Para aumentar em 40 mil megawatts (MW) a capacidade de geração, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, estimou que serão necessários mais R$ 85 bilhões.
Com esse aumento na capacidade de geração - de usinas hidrelétricas, termoelétricas e até da construção de Angra 3 -, a capacidade de energia disponível deverá chegar a 140 mil MW em 2015. O plano leva em consideração tanto investimentos públicos quanto privados.
O governo não divulgou as fontes de financiamento para os projetos. Mesmo assim, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, destacou a importância do plano. "Estamos retomando uma das atividades que melhor caracterizam o setor elétrico, que é a capacidade de planejamento do sistema."
Segundo o governo, com essa programação o fornecimento de energia será garantido. O aumento da produção deverá ser suficiente para atender ao aumento estimado na carga exigida pelo sistema, de 47.583 MW médios, em 2005, para 76.224 MW em 2015, no cenário usado pelo ministério. A carga é toda a energia que circula no sistema, incluindo a necessária para consumo e previsões de perdas.
Os investimentos em transmissão seriam aplicados para construir 60.086 km de linhas e em subestações e transformadores. Além do fortalecimento das interligações entre regiões que já fazem parte do Sistema Interligado Nacional (Nordeste, Centro-Oeste, Sul, Sudeste e áreas da Região Norte), os investimentos têm como meta concluir a integração dos sistemas isolados da Região Norte.
A meta é que, a partir de 2008, o sistema isolado Acre/Rondônia estará interligado ao restante do País. O governo também pretende viabilizar, a partir de 2012, a integração de outro sistema isolado, o de Manaus/Amapá/Margem Esquerda do Amazonas.
Assim, o País passará a ter praticamente 100% da demanda atendida por um único sistema. Isso favorecerá os consumidores de energia de todo o País, já que, segundo o ministério, poderá reduzir a Conta de Consumo de Combustível (CCC), hoje equivalente a 8% a 9% das contas de luz.
O plano estima ainda que, no cenário de referência, o consumo de energia per capita cresceria dos 2.049 kW por hora por habitante em 2005 para 3.053 KWh em 2015. As projeções indicam, porém, que só em 2014 o consumo médio nas residências voltará aos níveis anteriores ao racionamento de 2001, de 180 kWh por mês.
O diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, considerou positiva a divulgação do plano. "É um avanço, pois antes tínhamos de trabalhar sobre números do mercado. Agora, teremos dados oficiais."
Pires disse, no entanto, o cenário adotado pelo governo é preocupante diante dos fracos investimentos até o momento. "O governo está andando na ponta da faca trabalhando com esse cenário." O plano será posto em consulta pública na sexta-feira.

Angra 3, ainda não aprovada, foi incluída na previsão

Leonardo Goy
BRASÍLIA

O Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica, divulgado ontem pelo governo, inclui, em suas previsões, a entrada em operação da usina nuclear de Angra 3 no início de 2013, apesar de a sua construção ainda não ter sido aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

"O Ministério está considerando essa obra. É uma alternativa, não significa que está sendo tomada alguma decisão", disse o secretário de Planejamento Energético do Ministério, Márcio Zimmermann. Se for construída, Angra 3 terá capacidade de produzir 1.309 megawatts (MW).

Para que possa entrar em operação no início de 2013, o CNPE teria de autorizar a construção da usina até início de 2007. "Temos de considerar várias fontes, como a hidreletricidade, as termoelétricas a gás ou carvão e a alternativa nuclear."

Zimmermann confirmou que está em discussão no CNPE a possibilidade de o País adotar um plano para instalar mais sete usinas nucleares. A possibilidade foi defendida na semana passada pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Essas sete usinas não constam do plano divulgado ontem.

A próxima reunião do CNPE - formado pelos ministros Silas Rondeau (Energia), Dilma Rousseff (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento), Marina Silva (Meio Ambiente), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e por representantes da sociedade civil - deverá ocorrer nos próximos dias, em Brasília.

O projeto divide o CNPE. Em 2004, quando Dilma era titular de Minas e Energia, o ministério divulgou relatório contrário ao projeto, por motivos econômicos - a usina exigiria investimento de US$ 1,8 bilhão. O Ministério do Meio Ambiente também foi contra.

Ficaram a favor o Ministério da Ciência e Tecnologia e o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, que pediu vista do processo para adiar a decisão enquanto preparava um relatório, não apresentado. Em 2005, antes de substituir Dirceu, Dilma teria dado sinais de que poderia rever sua posição, pois o aumento do petróleo encareceu a energia e tornou Angra 3 mais viável.

OESP, 15/03/2006, Economia, p. B1

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