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Planejamento urbano ganha toques ''verdes''

OESP, Economia, p. B16
19 de Ago de 2009

Planejamento urbano ganha toques ''verdes''
Cidades brasileiras buscam projetos sustentáveis

Andrea Vialli

O Brasil entrou firme na tendência das construções verdes. Nos últimos anos houve um crescimento expressivo no número de empreendimentos que adotam princípios de sustentabilidade, como reúso de água e eficiência energética. Atualmente, existem 123 projetos na fila para receber o selo Leed (sigla em inglês para Liderança em Energia e Design Ambiental), concedido a projetos que se encaixam nesse perfil. Há dois anos, não passavam de 20.

Agora, a tendência das construções ecológicas está extrapolando os empreendimentos isolados e chegando ao planejamento urbanístico. O Brasil acaba de aderir ao movimento Transition Towns, ou Cidades da Transição, uma rede de mais de 2 mil cidades que pretende criar soluções de planejamento urbano com foco em sustentabilidade.

No Brasil, as cidades de Serra (ES), na região metropolitana de Vitória, e os bairros de Granja Viana, em Cotia (SP), e Vila Mariana, na capital paulista, aderiram ao movimento. "A ideia é redesenhar o espaço urbano de modo que atenda às novas demandas geradas por questões como o aquecimento global e o fim da era do petróleo abundante e barato", diz May East, diretora do Gaia Education, programa ligado às Nações Unidas e que tem como objetivo disseminar o urbanismo sustentável.

Brasileira, May - ex-integrante da banda de rock Gang 90 & as Absurdettes, que fez sucesso no Brasil na década de 80 - vive há 18 anos na ecovila Findhorn, na Escócia, considerada um modelo de comunidade sustentável. "Conseguimos reduzir pela metade nosso impacto sobre os recursos naturais em relação à média da Grã-Bretanha. E isso sem nos sentirmos mais pobres", diz May.

Entre os pilares da vida em Findhorn está o incentivo à economia local - cerca de 40 negócios foram criados, ao longo dos anos, para suprir as necessidades da comunidade. Parte dos alimentos consumidos também são cultivados na região. "Isso reduziu a necessidade de deslocamentos dos moradores e, como consequência, as emissões de poluentes dos veículos", diz. O reaproveitamento de materiais chegou até a construção das casas: muitas delas usam como estrutura barris das destilarias de uísque locais.

Segundo May, a formação de comunidades sustentáveis pode se dar em áreas urbanas e rurais. Um exemplo é o condomínio Beddington Zero Energy Development, em Londres, que é autossuficiente em energia, gerada por placas solares fotovoltaicas.

BOLHA

No Brasil, o movimento das cidades de transição já começa a chamar a atenção da iniciativa privada. A Alphaville Urbanismo, responsável pelos loteamentos de alto padrão em regiões metropolitanas, está apoiando o movimento. "Estamos trabalhando em projetos urbanísticos que estejam em sintonia com esse modelo de transição. É preciso evitar a formação de ?bolhas? de qualidade de vida", diz Monica Picavea, diretora da Fundação Alphaville.

A entidade criou um centro de educação para a sustentabilidade na cidade de Barueri (SP), onde dissemina os preceitos da arquitetura sustentável para os loteamentos. Também lançou uma premiação voltada a estudantes de engenharia e arquitetura, o Prêmio Alphaville de Urbanismo Sustentável, para estimular a criação de projetos com esse perfil.

OESP, 19/08/2009, Economia, p. B16

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