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Planalto cria consórcio para usinas no Peru

FSP, Dinheiro, p. B1
17 de Mai de 2010

Planalto cria consórcio para usinas no Peru
Governo articula grupo com empreiteiras que ficaram fora de Belo Monte para tocar obras de R$ 25 bi no país vizinho
Hidrelétricas na Amazônia peruana serão construídas sem necessidade de licitação; custo supera o do projeto de Belo Monte, de R$ 19 bilhões

Leila Coimbra
Da sucursal de Brasília

Passado o leilão de Belo Monte, o governo articula um consórcio entre a Eletrobras, a Andrade Gutierrez, a OAS, a Odebrecht, a Engevix e a empresa GTZ, do Peru, para construção de cinco hidrelétricas na Amazônia peruana ao custo de R$ 25 bilhões.
O texto do tratado internacional que permitirá às empresas brasileiras construir e operar as usinas no país vizinho ficou pronto na semana passada e os ministérios de Relações Exteriores do Brasil e do Peru costuram as assinaturas do documento pelos presidentes dos dois países: Lula e Alan García.
"Toda a parte técnica está pronta e os acordos foram fechados. Falta agora a parte diplomática", disse o superintendente de operações no exterior da Eletrobras, Sinval Gama. O acordo prevê que o Brasil fique com 80% da energia produzida e o Peru, com os 20% restantes.
O valor estimado para as obras das novas hidrelétricas supera o do leilão de Belo Monte (R$ 19 bilhões), no qual a Andrade Gutierrez, a OAS e a Odebrecht tinham interesse.
O tratado binacional prevê também que a maior parte do financiamento das obras venha de recursos brasileiros, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da Eletrobras.
A estatal brasileira de energia e as empreiteiras já possuem a concessão provisória das usinas, que não serão levadas a leilão. Isso porque as regras peruanas para o setor não exigem a obrigatoriedade de licitação.
Quando o tratado for assinado e os estudos concluídos, as empresas poderão iniciar imediatamente as obras.
O portfólio tem por enquanto cinco empreendimentos que somam mais de 7,5 mil megawatts (MW): Inambari (2.000 megawatts MW), Sumabeni (1.074 MW), Paquitzapango (2.500 MW), e outras duas usinas ainda sem nome, a serem erguidas no rio Tambo, ambas de 1.000 MW cada uma.
Gama explicou que a hidrelétrica de Inambari é a que está com os estudos mais adiantados. Caso o cronograma se confirme, as empresas poderão iniciar a obra em janeiro de 2011.
A usina está orçada em R$ 7 bilhões, mas o projeto prevê também a construção de uma linha de transmissão com 1.600 quilômetros até Porto Velho, em Rondônia, interligando as usinas ao complexo hidrelétrico do Rio Madeira e, consequentemente, ao sistema elétrico nacional.
Na usina de Inambari o consórcio formado é entre Eletrobras, Furnas e OAS. As outras quatro outras hidrelétricas terão a Andrade Gutierrez, a Odebrecht e a Engevix como parceiras da Eletrobras.
A peruana GTZ deverá ter participação em todos os empreendimentos.
Algumas construtoras brasileiras, como a Andrade e a Odebrecht, além da Camargo Corrêa, já estão no Peru há pelo menos duas décadas atuando em obras civis de rodovias, aeroportos e barragens.
A Odebrecht já possui, inclusive, a concessão de uma hidrelétrica no país vizinho, cujo contrato foi assinado em dezembro passado e prevê a construção de uma usina de US$ 600 milhões.
Gama explica que o potencial de geração hidrelétrica no Peru é de mais de 20 hidrelétricas, que somariam 20 mil MW. Mas o acordo fechado entre os dois países trata de algo entre 5 mil MW e 7 mil MW que poderiam ser explorados por empresas brasileiras. Mas, como os estudos ainda são preliminares, modificações podem ocorrer.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1705201002.htm

Eletrobras também prepara projetos em mais 3 países

Da sucursal de Brasília

A Eletrobras tem um ambicioso plano de atuação no exterior, que, além dos projetos no Peru, prevê também construção e operação de usinas e linhas de transmissão na Argentina, no Uruguai e na Guiana.
Desde 2008, a estatal tem autorização legal para atuar no exterior, inclusive com participação majoritária em projetos.
Com a Argentina há entendimentos para a construção de uma usina binacional, a exemplo de Itaipu, a ser erguida na fronteira entre os dois países, no rio Uruguai. A hidrelétrica de Garabi, estudada pela Camargo Corrêa, está orçada em R$ 4 bilhões e deverá ter 2.000 MW de capacidade instalada.
Na Guiana, a Eletrobras estuda a construção de usina de 800 MW. O projeto abastecerá a Guiana com 100 MW e transferirá para Boa Vista, em Roraima, os outros 700 MW.
Com o Uruguai os entendimentos são de construção e operação de uma linha de transmissão entre os dois países, com 400 km de extensão.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1705201003.htm

FSP, 17/05/2010, Dinheiro, p. B1

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