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Picolé derretido

Isto É, Tecnologia & Meio Ambiente, p. 80
05 de Out de 2005

Picolé derretido
O degelo no Ártico pode acelerar a busca por alternativas ao petróleo

Darlene Menconi

As últimas primaveras já foram estranhas na Sibéria e no Alasca, mas este verão deve entrar para a história do Hemisfério Norte. Desde que os cientistas da agência espacial americana Nasa começaram a observar essa região por satélite, em 1978, a camada de gelo que cobre o oceano no Ártico nunca foi tão minguada. Pela quarta vez consecutiva, ela atingiu sua menor extensão e deverá ser a mais modesta dos últimos 100 anos.
Além de se traduzir em aumento no nível do mar, o degelo é um indicador de que a temperatura aumentou rápido demais nas extremidades do planeta. Isso altera o delicado equilíbrio de trocas de calor entre a Terra e o Sol. Significa que o calor do Sol, que seria refletido de volta para o espaço pela brancura do gelo, será absorvido por completo, o que estimula ainda mais o aquecimento global.
"A natureza nos ajuda sempre, e não será diferente agora com o aumento na intensidade dos furacões e o derretimento no Ártico", diz o físico alemão Klaus Heinloth, um dos pioneiros no estudo de clima, que esteve no Brasil para
discutir saídas para enfrentar as mudanças climáticas. "Um terço da população mundial hoje vive em cidades litorâneas que devem sumir do mapa em menos
de 100 anos", avalia.
Para o economista australiano Warwick Mckibbin, que também esteve no Brasil na semana passada, o segredo está em agir rápido. "Um primeiro passo é mudar a forma das pessoas usarem a energia, sobretudo nos carros", sugere.
Há oito anos, a Austrália promove uma corrida anual de carros movidos a energia solar. Nesta edição do World Solar Challenge participaram 22 carros com formato futurista projetados e construídos por universidades e empresas de 11 países, entre os quais EUA, Japão, França e Canadá. Os carros rodaram três mil quilômetros no deserto da Austrália, desde Darwin até Adelaide. A vencedora foi a equipe holandesa Nuna 3, da Universidade de Delft, que ganhou as corridas de 2001 e 2003. O sol forte contribuiu para que a equipe favorita batesse seu próprio recorde de velocidade, ao alcançar 103 quilômetros por hora. O objetivo da corrida é desafiar estudantes e profissionais a construir carros solares usando tecnologias inovadoras. Uma trégua para as reservas naturais do ouro negro.

Isto É, 05/10/2005, Ciência, Tecnologia & Meio Ambiente, p. 80

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