Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: NILTON SALINA
15 de Abr de 2004
Policiais federais utilizam a partir de hoje três helicópteros e um avião para procurar corpos na reserva dos índios cinta-larga, onde há confronto entre índios e garimpeiros por causa da extração ilegal de diamantes. Três corpos de garimpeiros feridos à bala foram resgatados na segunda-feira, mas apenas um foi identificado - Francisco das Chagas Saraiva, de 42 anos. Há denúncias de mais mortes, ainda não confirmadas.
O garimpeiro Marcio Antonio, de 39 anos, diz ser um dos sobreviventes do suposto massacre. Ele alega que estava trabalhando com cerca de 250 colegas, quando teriam sido atacados por índios armados com metralhadoras, fuzis, pistolas automáticas e escopetas. "Só tínhamos facões, porque os índios não deixam ninguém entrar armado na reserva. Eles já chegaram atirando, nos caçando pela selva. Não sei quantos morreram. Eu tive sorte. Só levei um tiro de raspão."
O ataque denunciado por Marcio Antonio teria ocorrido no último dia 7.
No dia 10, em Espigão do Oeste, a cerca de 500 quilômetros de Porto Velho, um grupo de mulheres arrancou o índio Marcelo Cinta-Larga de dentro de sua caminhonete Hilux cabine dupla e o amarrou em uma árvore da praça central da cidade. Ele foi espancado e só escapou de ser linchado devido à chegada da Polícia Militar. Marcelo é acusado de ter participado da suposta chacina, por isso está detido na delegacia da Polícia Federal em Ji-Paraná.
O presidente em exercício do Sindicato dos Garimpeiros de Espigão do Oeste, Gilton Santos, disse estar tentando acalmar a categoria, que fala abertamente em entrar na reserva e revidar ao ataque dos índios.
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