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PF prende 2º fazendeiro no caso Dorothy

FSP, Brasil, p. A11
08 de Abr de 2005

PF prende 2o fazendeiro no caso Dorothy
Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, foi detido após prestar depoimento em Belém; há outros quatro presos

A Polícia Federal do Pará prendeu ontem à tarde, em Belém, o quinto acusado do assassinato da freira Dorothy Stang. O pecuarista Regivaldo Pereira Galvão, 40, o Taradão, havia sido chamado à sede da PF para prestar depoimento, mas, após três horas de interrogatório, recebeu voz de prisão do delegado Ualame Machado, que preside o inquérito.
A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Lucas do Carmo de Jesus, da comarca de Pacajá. Galvão foi preso sob a acusação de que iria pagar R$ 25 mil dos R$ 50 mil prometidos aos pistoleiros Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, acusados de matar a freira em 12 de fevereiro em Anapu, oeste do Pará.
Segundo Machado, a informação de que Galvão foi um dos mandantes do crime só foi confirmada na última terça, durante investigações em Anapu e Altamira. A reportagem apurou que a pista para a investigação foi dada por uma testemunha que prestou depoimento nas últimas semanas.
Segundo o promotor Sávio Brabo, coordenador do Grupo de Prevenção e Combate ao Crime Organizado, o envolvimento de Taradão reforça a tese de que houve consórcio de fazendeiros, empresários e pecuaristas para mandar matar a missionária.
O primeiro participante do suposto consórcio a ser preso, no dia 27 de março, foi o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, 34, o Bida. Também está preso o suposto intermediário do crime, Amair Feijoli da Cunha, o Tato. Tato, Bida e Galvão eram amigos e tinham negócios em Anapu.
Galvão e Bida chegaram a ser sócios nos 3.000 hectares de terra do lote 55 da gleba Bacajá.
Em 2003, Galvão vendeu metade da terra a Bida por R$ 600 mil e a outra metade por mais R$ 1 milhão. A sociedade se desfez depois que Bida e Galvão foram multados em R$ 1,5 milhão por manter trabalhadores em regime de escravidão. Parte da terra, cerca de 600 hectares, foi vendida no ano passado por Bida a Tato.
Ontem, Machado informou que Galvão já foi preso duas vezes pela PF, em agosto de 2001 e em janeiro de 2002. Seu nome aparece vinculado ao do deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA). Ele é apontado como agiota no esquema de fraudes da extinta Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia).
Segundo o delegado, Galvão é citado em pelo menos 30 inquéritos relacionados ao caso superintendência, por fraude e crime contra a economia.
Galvão foi transferido ontem à tarde para o Centro de Recuperação Masculino, em Belém. Hoje, ele será levado para o Presídio de Americano 3, onde ficará frente a frente com pelo menos um dos acusados.
O advogado de Galvão, Gerson Fernandes, esteve na PF, mas não quis falar com a imprensa. A mulher dele, Rosângela Galvão, assistiu à prisão, passou mal e desmaiou.

FSP, 08/04/2005, Brasil, p. A11

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