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PF liberta 52 trabalhadores em fazenda no Para

OESP, Nacional, p.A9
17 de Fev de 2004

PF liberta 52 trabalhadores em fazenda no Pará
Proprietário é acusado de manter empregados em regime de escravidão no sul do Estado
CARLOS MENDES
Especial para o Estado
BELÉM - O fazendeiro Altamir Soares da Costa, proprietário da Fazenda Macaúba, a 150 quilômetros de Marabá, sul do Pará, está preso desde domingo sob acusação de manter em suas terras 52 trabalhadores em regime de escravidão. A maioria foi contratada no Maranhão e Tocantins e estava no local havia 60 dias, trabalhando em troca de comida, sem salário. Entre os empregados estavam três crianças e uma mulher grávida.
Durante a prisão, dois revólveres calibres 32 e 38 e uma espingarda foram apreendidos na fazenda. O "gato" - responsável pela contratação dos trabalhadores - conhecido por Gilmar fugiu armado pela mata, levando uma carabina, antes da chegada dos fiscais do Grupo Móvel do Ministério do Trabalho e dos policiais federais.
Costa prestou depoimento ontem e se comprometeu a pagar as indenizações dos trabalhadores hoje. Segundo a PF, o fazendeiro foi indiciado há uma semana por falsificar uma guia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para transportar madeira retirada ilegalmente de matas da região.
O procurador do Ministério Público do Trabalho Marcelo Ribeiro informou que os trabalhadores foram contratados para derrubar uma área de floresta da fazenda e transformá-la em pasto. Os garotos de 14 e 16 anos e a menina de 11 anos, que trabalhava como babá para a cozinheira do barracão onde os trabalhadores dormiam, deverão voltar para seus Estados de origem. Mas a viagem só será feita depois que todos os trabalhadores tiverem recebido seus direitos trabalhistas.
Ribeiro disse que a fiscalização encontrou na fazenda todos os elementos que caracterizam a redução dos trabalhadores a condição análoga a de escravos. A 10 quilômetros da fazenda, os agentes da PF descobriram uma trilha aberta na mata fechada, onde os peões eram vigiados por Gilmar, que também exercia o papel de capataz.
Dívida - "Nunca peguei um centavo desde que fui trabalhar lá", contou o maranhense A.S., de 27 anos. Ele disse que todos eram impedidos de deixar a fazenda a não ser que pagassem pela comida vendida pelo fazendeiro. O preço cobrado, disse, era maior que em qualquer pensão ou hotel de Marabá. Para Ribeiro, as declarações dos trabalhadores comprovam que havia "servidão por dívida" no local.

OESP, 17/02/2004, p.A9

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