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PF investiga ataque a tiros contra reserva em Roraima

FSP, Brasil, p.A12
25 de Nov de 2004

Um índio foi ferido e casas foram queimadas em Raposa/Serra do Sol
PF investiga ataque a tiros contra reserva em Roraima
José Eduardo Rondon
Da agência Folha
A Polícia Federal de Roraima enviou ontem uma equipe à reserva Raposa/Serra do Sol, no nordeste do Estado, para investigar uma invasão a uma comunidade indígena que resultou em ferimentos a tiros em um índio e incêndio de algumas casas.
O CIR (Conselho Indígena de Roraima) acusou, em nota oficial, arrozeiros e índios contrários à homologação contínua da terra indígena de terem invadido na manhã de anteontem a comunidade Jawari -no município de Normandia, a 161 km da capital do Estado-, incendiado casas e atirado contra o índio macuxi Jocivaldo Constantino.
Na noite do mesmo dia, o tuxaua -líder indígena- da comunidade Jawari, Júnior Constantino, esteve na sede da PF em Boa Vista. Após o depoimento dele, uma equipe da PF foi enviada à região de Normandia, informou a delegada Fabíola Prado Piovesan.
Para a coordenação do CIR, o atentado na comunidade Jawari foi um recado ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), que esteve em Roraima anteontem, de que a classe latifundiária do Estado não aceita a homologação contínua da terra indígena.
O governo federal aguarda decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) para anunciar de que forma será homologada a terra indígena Raposa/Serra do Sol, uma área de 1,69 milhão de hectares.
Se a demarcação contínua decidida em 1998 for confirmada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, descontentará grupos a favor da presença de não-índios na região (que teriam de abandonar a área urbana e fazendas da região).
Se Lula optar pela homologação descontínua -mantendo estradas, plantações e a cidade de Uiramutã-, descontentará o setor do qual faz parte o CIR e a Funai (Fundação Nacional do Índio).
Em janeiro, depois de o ministro Márcio Thomaz Bastos ter anunciado que a homologação seria feita de forma contínua, manifestantes contrários à medida bloquearam as principais rodovias de Roraima, fizeram invasões de prédios públicos e mantiveram três religiosos reféns.

FSP, 25/11/2004, p. A12

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