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PF diz ter provas de que consorcio de fazendeiros pagou por morte de Dorothy

O Globo, O Pais, p.11
09 de Abr de 2005

PF diz ter provas de que consórcio de fazendeiros pagou por morte de Dorothy
Intermediário afirma que Taradão e Bida dividiram os custos do crime
Depois de fazer uma acareação ontem entre Amair Feijoli da Cunha, o Tato, acusado de ser o intermediário no assassinato da missionária Dorothy Stang, e o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, a Polícia Federal e o Ministério Público anunciaram não ter mais dúvidas de que os fazendeiros fizeram um consórcio para patrocinar a execução da freira americana.
Tato confirmou na acareação que o pagamento pela morte de Dorothy seria feito em conjunto por Regivaldo e Vitalmiro Bastos, o Bida, o outro fazendeiro preso por participação no crime, caracterizando assim, segundo a PF e o Ministério Público, a formação do consórcio.
Fazendeiros seriam velhos conhecidos
Entre as provas, o delegado da Polícia Federal Ualame Machado disse que há um documento enviado por Taradão a Bida, em que ele avisa que teria que se dar um fim a Dorothy Stang”. Os fazendeiros seriam velhos conhecidos. Taradão teria vendido ao amigo terras griladas em áreas destinadas à implantação do Programas de Desenvolvimento Sustentável coordenado pela missionária no Pará.
Na presença de Machado, do delegado Waldir Freire, da Polícia Civil, e de promotores, Tato reiterou que os R$50 mil que seriam usados para pagar os pistoleiros Rayfran das Neves e Clodoaldo Batista, seriam de Regivaldo e Vitalmiro. Cada um pagaria R$25 mil.
— Para mim não resta dúvida de que Bida e Taradão são mandantes deste crime — disse o promotor Lauro Freitas, que preferiu não falar em consórcio. — Há claramente cinco pessoas envolvidas no caso, que são os dois executores, o intermediário e os dois mandantes, que teriam financiado a execução, mas não dá para falar ainda em outros nomes.
Já o promotor Sávio Brabo de Araújo, que também acompanha o caso, diz que o consórcio existiu:
— Ficou comprovada a existência do consórcio no caso.
A acareação entre Tato e Taradão foi feita no complexo penitenciário de Americano, no município de Santa Izabel, Região Metropolitana de Belém. Taradão negou as acusações. Disse que nada tinha contra a freira e que compareceu espontaneamente para prestar depoimento. Ele teve prisão preventiva decretada por 30 dias, podendo ser prorrogada por mais 30. Taradão está preso desde a quinta-feira no Centro de Recuperação do Coqueiro, no município de Ananindeua, perto de Belém.
O fazendeiro Luís Ungaratti, citado por Bida em um bilhete, prestou depoimento ontem à PF e, mais uma vez, negou participação no crime.

O Globo, 09/04/2005, p. 11

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