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PF diz que está pronta para a "guerra" para retirar não-índios de reserva em Roraima

Folha Online
Autor: Andrezza Trajano e Kátia Brasil
09 de Abr de 2008

O delegado da Polícia Federal que vai comandar a retirada dos habitantes não-índios da terra indígena Raposa/Serra do Sol (nordeste de Roraima), Fernando Segóvia, afirmou ontem que vai tentar uma última negociação com os que resistem à retirada da região, mas disse que, se for preciso, a PF está pronta para a "guerra".

Anteontem à noite o governador de Roraima, Anchieta Júnior (PSDB), se reuniu com a cúpula da operação da PF a portas fechadas e afirmou que a Polícia Federal deu 48 horas para que os não-indígenas --arrozeiros, principalmente-- desocupem a área de forma pacifica. A PF negou que haja uma data definida.

Sem dar um dia exato, Segóvia afirmou que a PF está pronta para o início da operação, que depende apenas do desenrolar de uma última negociação, para evitar um confronto com os manifestantes.

"Há uma negociação formal, já foram feitos alguns contatos e a gente espera nas próximas horas fazer mais contatos e, se possível, uma saída pacifica para toda essa situação", disse, sem revelar quem estaria do outro lado da negociação.

O superintende da Polícia Federal em Roraima, José Maria Fonseca, disse que o governo federal está aberto ao diálogo, inclusive sobre rever o valor das indenizações, mas que não cabe a PF contestá-las.

"Se dizem que o valor da indenização não é justo, que busquem a Justiça, que ela está preparada para reconhecer isso", disse Fonseca.

No entanto, de acordo com coordenador geral da Operação Upatakon 3, a PF vem se preparando para uma "guerra", já que os manifestantes têm resistido a desocupar a região e também exibiram técnicas de guerrilha durante os protestos.

"Temos que nos preparar da maneira mais apropriada para entrar numa guerra, e se o que alguns estão plantando é a guerra nós só temos um recado a mandar: eles têm que sair da terra indígena de qualquer maneira", afirmou Segóvia.

Ele também disse que o presidente da Associação dos Rizicultores de Roraima, Paulo César Quartiero, contratou pistoleiros da região amazônica, inclusive da Venezuela, para apoiar as manifestações. A reportagem não conseguiu falar ontem com Quartiero.

Segóvia disse que prepara a prisão dos líderes dos protestos realizados nas últimas semanas em Roraima. "Vou prender toda a quadrilha", afirmou, sem dar detalhes se já teria encaminhado para a Justiça os pedidos de prisão.

Ele afirmou que serão presas todas as pessoas envolvidas nas ações de destruição de pontes, bloqueios de estradas, fabricação e arremesso de bombas caseiras, inclusive os indígenas, que na sua opinião são usados como escudo.

Ontem chegaram a Roraima mais 45 homens da Força Nacional de Segurança para ajudar a PF na operação. Essa é a terceira fase, e última, da operação de retirada. O nome Upatakon quer dizer "nossa terra" em macuxi.

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