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PF apreende guias do Ibama que "legalizam" transporte de mogno

Tribuna de Imprensa-Rio de janeiro-RJ
06 de Mar de 2002

A Justiça está apurando a venda de guias do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para legalizar madeira retirada irregularmente no Pará. Agentes da Polícia Federal, cumprindo determinação do juiz da 1ª Vara Federal de Belém, Francisco Garcez Castro Júnior, apreenderam ontem guias de transporte de madeira e várias pastas com documentos de empresas madeireiras em um escritório de contabilidade no centro da capital paraense.

A gerente executiva do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará, Selma Melgaço, informou ter mandado abrir sindicância para apurar o possível envolvimento de funcionários do órgão no esquema que "esquenta" madeira ilegeal. O superintendente da PF, Geraldo Araújo, disse que o material apreendido será enviado à Justiça, a quem cabe decidir se manda ou não abrir inquérito policial.

Tailândia
A venda de documentos para a retirada ilegal de madeira da floresta amazônica já provocou o fechamento de uma serraria no Município de Tailândia, no Leste do Estado. O delegado Eliezer Machado, que investigou o caso e prendeu duas pessoas naquele Município, remeteu ontem o inquérito à Justiça Federal. Os acusados de vender Autorização de Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) se negaram a falar no inquérito, afirmando que só irão contar o que sabem em juízo.

Para acobertar
No escritório em Belém, a funcionária Ana Maria Velasco negou qualquer envolvimento na fraude. Mas com uma câmera escondida, uma equipe de televisão conseguiu ouvir da própria acusada como a carga clandestina era legalizada. "Tu tá comprando só o papel, só para acobertar", dizia Ana Maria na fita gravada. E para enganar os fiscais, ela preencheu uma ATPF e uma guia declarando que a madeira seria vendida para uma serraria da qual diz ser procuradora.

Ana Maria até adianta quanto custaria o serviço: "Dá R$ 3.600, 300 metros". Depois, procurada pela reportagem, ela apresentou outra versão: "Eu não posso fazer isso, só quem pode é o dono do projeto, junto com a madeireira".

Apresentado no Ibama, a chance de o documento ser aceito como verdadeiro é grande, admite o chefe nacional de fiscalização, Leland Barroso. "É uma prova inequívoca da fragilidade dos nossos sistemas de controle que tem que ser urgentemente melhorados", avalia Leland. O documento "frio" abre caminho para as carretas que saem da floresta com a carga ilegal.

Em Tailândia, as guias, que só são distribuídas pelo Ibama, estavam sendo vendidas como mercadoria por prestadores de serviços. "Cerca de 50% da madeira que se encontra aqui no Município e na região é irregular", afirma Amarildo Formentini, fiscal do Ibama. O presidente do Sindicato das Serrarias, Wagner Kronbauer, admite: "Eu acredito que não deve passar de 25% a madeira que não tenha origem legal".

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