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PF abre inquérito para apurar suspeitas de genocídio e omissão de socorro na Terra Indígena Yanomami

g1 - https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/01/25
25 de Jan de 2023

PF abre inquérito para apurar suspeitas de genocídio e omissão de socorro na Terra Indígena Yanomami
Segundo o MPF, o Ibama tinha um plano para retirar os garimpos ilegais das reservas indígenas em seis meses, que não foi cumprido.

25/01/2023 21h10

A Polícia Federal abriu inquérito para apurar suspeitas de genocídio e omissão de socorro aos indígenas Yanomami. Segundo o Ministério Público Federal, o Ibama tinha um plano para retirar os garimpos ilegais das reservas indígenas em seis meses, mas ele nunca foi executado.

Os técnicos do Ibama fizeram o plano no fim do primeiro semestre do ano passado, e entregaram para o então governo Jair Bolsonaro executar. Ele previa uma ação de pelo menos seis meses na terra indígena.

Durante parte do ano, quando chove menos, os garimpeiros dependem basicamente de três rios para chegar às áreas de extração: o Uraricoera, o Mucajaí e o Catrimani. Técnicos do ibama calcularam que fechando o acesso ao mais utilizado por eles, o Uraricoera, e colocando uma base de fiscalização, em uma semana, os garimpeiros ficariam sem comida e sem combustível.

Restariam as pistas de pouso clandestinas, e o plano incluía a base do Pelotão Especial de Fronteira do Exército a pouco mais de 40 km dos principais garimpos. Aviões deveriam, então, sobrevoá-los, diariamente, impedindo o transporte de combustível, suprimentos e cargas. E assim inviabilizando as operações.

Procuradores do Ministerio Público Federal de Roraima que tiveram acesso ao plano dizem que nada saiu do papel.

"Esse plano foi realizado, inclusive tivemos em conversas com o Ibama para uma implantação de um plano mais robusto, mas jamais esse plano foi aplicado. Muito pelo contrário, diversas vezes a coordenação do Ibama, o Ibama em Brasília impediu que houvesse uma logística adequada para fazer essas operações", aponta o procurador Alysson Marugal.

Pelo menos 20 mil garimpeiros ocupam hoje ilegalmente a Terra Indígena Yanomami. Em outubro 2018, quando o Instituto Socioambiental iniciou o monitoramento, a área destruída pelo garimpo era de 1,2 mil hectares. Em dezembro de 2022, chegou a 5 mil hectares. Um aumento de 300%.

"Nos últimos anos houve uma espécie de afrouxamento das políticas de proteção territorial na Terra Yanomami. Então bases de proteção que deveriam ter garantido a sua manutenção ou mesmo instaladas ainda que com decisões judiciais favoráveis para que isso fosse feito, não foram instaladas. E também uma espécie de corrida para poder tentar, com a expectativa de regulamentação, de tentar ocupar o espaço, para que num momento no futuro aquilo seja regularizado e a pessoa já está ali operando", explica o pesquisador do Instituto Socioambiental Estevão Benfica Senra.

O Ministério do Meio Ambiente declarou a gestão anterior restringiu as ações de fiscalização e que está planejando o retorno intensivo das operações. O Ibama não respondeu. E o Jornal Nacional não conseguiu contato com o ex-presidente Bolsonaro.

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/01/25/pf-abre-inqueri…

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