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Petrolífera paga por artigo contra IPCC

OESP, Vida, p. A28
03 de Fev de 2007

Petrolífera paga por artigo contra IPCC
ExxonMobil oferece US$ 10 mil para trabalhos que contestem relatório

The Guardian

Um grupo lobista fundado por uma das maiores companhias petrolíferas do mundo está oferecendo dinheiro para que cientistas e economistas escrevam artigos refutando o relatório divulgado ontem pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

O Americam Enterprise Institute (AEI) - grupo que exerce pressão no Congresso americano e que teve sua criação financiada pela ExxonMobil - está enviando cartas com ofertas de US$ 10 mil para especialistas que aceitem contestar o relatório. A principal conclusão do estudo do IPCC é que o aquecimento global é provocada pela ação humana, especialmente através do dióxido de carbono gerado pelo combustível que impulsiona os automóveis - produzido a partir do petróleo.

CONCLUSÕES SUMÁRIAS

As ofertas enviadas pelo grupo atacam o relatório como "resistente a críticas e aberto a conclusões sumárias que mal se sustentam em análises". O grupo pede por artigos que "explorem as limitações do modelo climático proposto pelo IPCC".

Cientistas que participaram do trabalho dizem que o relatório do IPCC traz "evidências científicas esmagadoras" para sustentar suas conclusões. Segundo David Viner, da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, as ofertas são "tentativas de uma organização que quer esconder seus objetivos políticos".

MÁFIA

O AEI já recebeu mais de US$ 1,6 milhão da gigante petrolífera ExxonMobil. O vice-presidente do conselho deliberativo do grupo, Lee Raymond, foi um dos diretores da empresa. O grupo também mantém ligações com o governo do presidente George W. Bush, que teve várias empresas da área do petróleo entre as principais financiadores de suas campanhas. Mais de 20 de seus funcionários trabalharam como consultores para o governo Bush.

Para Ben Stewart, dirigente do Greenpeace, "o AEI é mais do que um lobby. Trata-se da Cosa Nostra (máfia) intelectual da Casa Branca".

"O relatório do IPCC é extremamente sólido. Essas críticas tentam reduzir a confiança da população nos cientistas e evitar que os governos tomem as ações necessárias", concorda Viner.

Na próxima segunda, outra organização, baseada no Canadá e também ligada à ExxonMobil, vai lançar um trabalho que promove dúvidas sobre a validade científica do relatório do IPCC. Entre os autores estão Tad Murty, um cientista que acredita que as atividades humanas não contribuem para o efeito estufa. Também estarão presentes Nigel Lawson e David Bellamy, defensores da tese de que a queima de combustível fósseis não tem ligação com o aquecimento global.

OESP, 03/02/2007, Vida, p. A28

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