A Crítica - http://acritica.uol.com.br
Autor: Elaíze Farias
11 de Out de 2011
Falta de saneamento, ameaça de impacto ambiental causado pela ação humana e ausência de um projeto socioeconômico são algumas das carências vividas pela população da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, localizada a 25 quilômetros de Manaus.
A RDS do Tupé é a única unidade de conservação desta categoria pertencente à capital amazonense.
Há dois anos, pesquisadores realizaram um grande levantamento social e ambiental na RDS, cujos resultados serão apresentados e discutidos em evento que acontece a partir desta quarta-feira (12), em Manaus.
O evento coordenado por pesquisadores que integram o projeto Biotupé foi batizado de Redesenhando Políticas para Unidades de Conservação. Na mesma programação também acontecerá o 10o Workshop Anual do Biotupé.
O objetivo é discutir projetos que possam melhorar a vida dos moradores do Tupé.
O evento de abertura acontece às 19h desta quarta-feira no auditório do Bosque da Ciência, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
As palestras e debates dos dias 13 e 14 ocorrem no auditório Eulálio Chaves, no campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam)
Turismo
Segundo Ednaldo Nelson dos Santos Silva, especialista em biologia aquática e coordenador do grupo de pesquisa, dados apurados no levantamento apontam atividades que podem ser exploradas pelos moradores da RDS.
Uma delas é a possibilidade da própria população gerir atividades de turismo, hoje restritas a empresas e hotéis de selva.
"O turismo poderia ser explorado em benefício da população que mora ali e não apenas atuar como empregado das empresas. As associações poderiam atuar como gestoras", observa Ednaldo.
Outra característica que poderia ser explorada pela população local é a diversidade vegetal da floresta do Tupé.
A bióloga Veridiana Scudeller conta que mais de 60% das plantas na área da RDS Tupé podem ser aproveitadas.
Pesquisas desenvolvidas na área indicam que espécies como andiroba, copaíba e buriti têm potencial rentável Basta apenas as comunidades se organizarem e explorar o potencial.
Impactos
Um dos grandes problemas identificado no levantamento é a perspectiva de degradação ambiental na área.
Segundo Ednaldo, a falta de informação e o risco de ocupação que negligencia a necessidade de preservação pode provocar um impacto no ambiente natural do Tupé semelhante aos identificado nas áreas do Lago do Aleixo e Puraquequara.
A RDS do Tupé possui 12 mil hectares. É ocupada por seis comunidades e tem uma população (entre fixa e flutuante) de 800 pessoas. Uma das características demográficas da RDS é um déficit populacional da faixa etária de 15 a 30 anos.
"Seria interessante que o poder público encontrasse uma forma de fixar essa população dessa idade na zona rural, oferecendo oportunidade educacional e de vida", sugeriu o biólogo.
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