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Pesquisadores destacam importância da ciência para desenvolvimento sustentável da Amazônia

Amazônia.org
18 de Nov de 2009

Pesquisadores destacam importância da ciência para desenvolvimento sustentável da Amazônia

Fabíola Munhoz

Estudiosos e ambientalistas afirmaram nesta segunda-feira (16) que é preciso esforço da academia para o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem o desenvolvimento econômico sustentável da Amazônia. A opinião foi manifesta durante encontro "Amazônia: Desafios e Perspectivas da Integração Regional", realizado no Memorial da América Latina, em São Paulo.
A geógrafa e historiadora Bertha Becker deu início ao encontro, dizendo que serão desafios da ciência e da tecnologia daqui em diante: dar um significado à integração amazônica, criar um novo modelo de desenvolvimento à região de floresta e definir o papel dos cientistas nesse cenário.
"Movimentos sociais, pesquisadores, sindicatos e políticas públicas devem se somar para limitar a mercantilização da natureza. E é papel do pesquisador esclarecer a nação e mostrar alternativas de desenvolvimento sustentável que fortaleçam o Estado, em suas negociações com o mercado", afirmou.
Adalberto Veríssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), sugeriu que a Academia Brasileira de Ciências (ABC) participe das iniciativas que hoje buscam alternativas sustentáveis de desenvolvimento social para a Amazônia. "A força da entidade poderá pressionar o governo a investir nas mudanças necessárias", opinou. Ele também destacou que é papel dos pesquisadores dizerem que a atual tentativa de mudança do Código Florestal Brasileiro é incompatível com a atualidade e não pode ser permitida.
Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA), mostrou preocupação com a demora dos efeitos de investimentos em pesquisa relacionada ao desenvolvimento sustentável. "A ideia de desenvolver a ciência para atender às necessidades da Amazônia é boa, mas é preciso se contrapor às políticas de desenvolvimento postas, para que a floresta ainda esteja lá quando a ciência avançar", destacou.
Veríssimo informou que hoje são insuficientes os investimentos em pesquisa de formas de desenvolvimento sustentável à Amazônia. "Se, por um lado, na década de 70, o governo investiu bilhões para incentivar a ocupação da Amazônia, por outro, hoje são muito modestos os investimentos em infraestrutura sustentável e ciência", disse.
A discussão sobre os desafios da tecnologia aplicada à Amazônia foi promovida pela Academia Brasileira de Ciência (ABC) que, no ano passado, divulgou um documento com propostas para o Brasil de investimentos em sustentabilidade.
Sérgio Leitão, do Greenpeace, que participou do evento, fez críticas à proposta da ABC para a pesquisa de formas de desenvolvimento sustentável da Amazônia, pelo fato de ela não indicar em que momento os resultados dos estudos feitos na universidade serão transformados em inovação.
Ele também questionou, na proposta dos pesquisadores, a aplicação de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional na criação de novos institutos de pesquisa, quando faltam investimentos na efetivação das ideias já existentes.
O ambientalista ainda defendeu a cooperação entre as populações amazônicas e os pesquisadores para evitar que os atuais conflitos por recursos naturais se tornem ainda mais radicais. "Devemos investir para que o filho do pescador tenha formação e possa se tornar o biólogo que vai estudar o desenvolvimento da produção do tambaqui", acrescentou.
Elaine Elisabetsky, pesquisadora do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), deu exemplos de como o conhecimento das populações tradicionais da floresta pode ser aproveitado para o tratamento de doenças, e lamentou que, embora haja diversos estudos sobre o assunto, poucas dessas conclusões tenham se tornado iniciativas práticas.
Para Veríssimo, uma grande dificuldade é fazer com que as pessoas comprem a ideia de substituir suas práticas atuais por atividades econômicas sustentáveis. "É difícil convencer os prefeitos da Amazônia a deixarem de investir em exploração madeireira e pecuária, que dão retorno por 12 anos no máximo, quando, em curto prazo, a substituição por formas de economia sustentável representaria a redução de lucro", explicou.
Para o ambientalista, devem ser prioridades: o desmatamento zero, a criação de condições melhores de vida à população local e o desenvolvimento de negócios sustentáveis, com recursos humanos estratégicos, para o aproveitamento econômico dos recursos naturais da Amazônia. "80% do bioma devem se manter conservados, e metade disso poderia ser aproveitada para a produção de madeira sustentável. O restante não é necessário usar, desde que haja políticas de proteção dessa área", sugeriu.

Amazônia.org, 18/11/2009

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