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Pesquisador do ICMBio estuda viabilidade populacional de primata amazônico

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Izabela Ribeiro
11 de Nov de 2009

O analista ambiental e pesquisador Ivan Braga Campos, do Instituo Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), desenvolveu uma análise de viabilidade populacional (AVP) para macacos da espécie Cebus kaapori, um primata do leste amazônico. O animal é citado como criticamente ameaçado de extinção na Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês) de 2008 e pela Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, do Ministério do Meio Ambiente, atualizada até 2003.

O objetivo dessa AVP, segundo Braga, é, através da simulação da dinâmica populacional, obter indicadores relativos à viabilidade das populações, como por exemplo, a probabilidade de extinção. Como resultado, ele obteve para a espécie uma estimativa do tamanho populacional mínimo viável de 400 indivíduos e uma capacidade de carga mínima viável de 900 indivíduos. Esse número é o menor tamanho populacional capaz de possibilitar a manutenção de uma população por um longo período de tempo, enquanto a capacidade de carga mínima é o número mínimo de indivíduos que uma determinada área deve suportar para abrigar uma população viável.

O pesquisador fez também uma simulação da viabilidade das populações de Cebus kaapori conhecidas. Para isso, lançou mão dos registros da espécie disponíveis em literatura e obtidos pelo Projeto Kaapori, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Primatas Brasileiros (CPB), do ICMBio. O projeto visa a localizar populações da espécie na natureza.

Os registros foram agrupados em 15 populações de acordo com a conectividade entre as áreas. Dessas populações, somente três foram consideradas viáveis em algum dos distintos cenários simulados. Para cada uma destas três populações que possuem maior potencial de persistir ao longo do tempo, foram identificadas prioridades de ações e estudos, para que esse potencial de viabilidade seja confirmado e mantido por um longo prazo.

"Esse resultado é importante porque sinaliza para a necessidade de se priorizar os esforços de pesquisa e ações de conservação nestas três populações com maior probabilidade de sobrevivência. Para que esta provável viabilidade seja confirmada e mantida ao longo do tempo, e que se evite o desperdício de esforços e recursos em estudos e ações de conservação em populações que têm chances baixíssimas de persistirem. Além disso, diante da perspectiva de extinção de grande parte das populações da espécie, o estabelecimento de uma população de cativeiro representativa da diversidade genética atual é altamente aconselhável, uma vez que grande parte desta diversidade tende a desaparecer nos próximos anos", explica Ivan Braga.

Ainda de acordo com o pesquisador, o estudo demonstrou a grande importância de se estudar a intensidade de caça e a proporção entre sexos dos indivíduos caçados na região, uma vez que esses fatores têm grande influência sobre a viabilidade das populações simuladas.

Atualmente a única unidade de conservação federal com registro da espécie é a Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi. Juntamente com a Rebio, as Terras Indígenas Carú, Awá e Alto Turiaçú formam a maior mancha de remanescente florestal do estado do Maranhão. A Terra Indígena Araribóia, também no estado do Maranhão, é outra área identificada como chave para a conservação da espécie e sua presença e situação populacional na área devem ser investigadas.

Além disso, a região do Rio Capim, no estado do Pará, também foi identificada como uma área com potencial de abrigar uma população viável. Esta região não possui unidade de conservação ou terra indígena e está relacionada na publicação "Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira" (MMA, 2007), como área prioritária para a criação de unidade de conservação de proteção integral.

Resultados preliminares da pesquisa foram apresentados em agosto de 2009 no I Seminário de Pesquisa do ICMBio e o trabalho recebeu o prêmio de terceiro melhor trabalho de pesquisa desenvolvido por servidor do ICMBio. O estudo encontra-se disponível na página do ICMBio (ver na seção "Eventos") nos Anais do seminário. Ivan Braga Campos está lotado na Coordenação de Análise e Prognóstico da Biodiversidade (Coapro), da Coordenação Geral de Espécies Ameaçadas, da Diretoria de Biodiversidade (Dibio), do Instituto Chico Mendes, em Brasília.

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