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Pesquisa tenta mostrar viabilidade do biodiesel

GM, Energia, p.A8
09 de Ago de 2004

Pesquisa tenta mostrar viabilidade do biodiesel
Uma pesquisa feita pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal, testou o funcionamento de um trator com percentuais de 10%, 50%, 75% e 100% de biodiesel em substituição ao óleo derivado de petróleo. Na pesquisa, ainda em andamento, está sendo usado um trator Valtra, fornecido em comodato pela montadora, que foi utilizado nos trabalhos de campo da faculdade com biodiesel feito de óleo de soja residual, que passou por processo de fritura anteriormente. O consumo de biodiesel não teve alteração em relação ao diesel de petróleo com índices de adição até 50%.
Segundo o professor de máquinas agrícolas da faculdade de Jaboticabal, Afonso Lopes, que coordena a pesquisa, com índice de adição de 75% de biodiesel, o consumo de combustível ficou entre 4% e 5% acima do verificado em condições normais com o uso de óleo diesel de origem mineral. Com o índice máximo de utilização de biodiesel (100%), o consumo de combustível aumentou entre 10% e 11% na pesquisa.
De acordo com Lopes, o aumento do consumo de biodiesel com índices acima de 50% de adição ocorre porque o diesel derivado de petróleo tem maior poder calorífico que o óleo de origem vegetal. "O biodiesel apresentou perdas em relação ao poder calorífico, mas ganhos em relação ao poder de lubrificação das peças."
Segundo o professor, a pesquisa sobre o uso de biodiesel em trator agrícola não mede eventuais alterações sobre o desgaste normal das peças do veículo. Ele disse que estudar esses efeitos requeria acompanhamento sobre o uso contínuo e intensivo do veículo, o que demandaria um número de horas cerca de cinco vezes acima das 200 anuais observadas na pesquisa, e o desgaste não é objetivo do estudo. A pesquisa tem patrocínio da Fapesp.
Limitações de fornecimento
O programa de biodiesel do governo brasileiro, desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), prevê, inicialmente, a adição de 2% de biodiesel ao diesel usado nos postos nacionais e é apoiado por entidades como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O índice de 2% foi definido para a fase inicial do programa por conta das limitações de óleo vegetal para o uso como combustível.
A pesquisa da Unesp utilizou óleo vegetal usado anteriormente em frituras, fornecido pelo laboratório de desenvolvimento de tecnologias limpas da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e álcool etílico. Segundo Lopes, neste semestre a pesquisa entra na fase de quantificação dos resultados. Ele afirma que, independentemente do percentual de biodiesel utilizado, não houve alteração no desempenho do motor do trator.
O consultor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única), Alfred Szwarc, disse que a entidade apóia o programa do governo federal de biodiesel. Segundo ele, o índice de adição de 2% representa uma necessidade de 70 milhões de litros de álcool etílico, o equivalente a quatro dias de consumo diário no mercado nacional, que é de 1 bilhão de litros por semana.

GM, 09/08/2004, p. A8

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