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Pesquisa aponta 900 índios nas ruas

A Gazeta -Rio Branco-AC
Autor: NEIDE SANTOS
08 de Abr de 2002

O censo indígena, coordenado pelo Movimento de Mulheres Indígenas do Acre e Sul do Amazonas, identificou 450 famílias de diversas etnias, somando aproximadamente 900 pessoas que residem em diversos bairros periféricos. A maioria não possui nenhum tipo de rendimento, vive em condições subumanas e enfrenta sérios problemas de saúde relacionados principalmente a falta de saneamento básico.

A grande surpresa identificada na pesquisa foram os pedidos de ajuda feitos por 60 índios que querem retornar para as aldeias nas comunidades Apurinã em Boca do Acre e Manchineri no Alto Iaco. A dura realidade enfrentada na cidade pela falta de opções de emprego e todos os problemas comuns a cidadãos que se encontram na precária situação reconhecida como abaixo da linha da miséria foram os fatores que despertaram o desejo pelo retorno.

O levantamento chamou a atenção da coordenação da União das Nações Indígenas do Acre a Sul do Amazonas (UNI) sobre uma situação delicada que precisa ser resolvida: o trabalho de conscientização junto aos índios e a sociedade para acabar com a situação de mendigância de oito indígenas Jaminawás que vivem esmolando em alguns pontos no Centro, pois eles já foram levados algumas vezes para suas comunidades e acabam retornando a cidade.

A questão dos Jaminawás desperta preocupações porque eles são nômades de natureza e tradicionalmente brigam entre si nas comunidades, o que acaba motivando a vinda para a cidade. O hábito do oferecimento de esmolas pelos transeuntes acaba por incentivar essa situação, colocando as instituições ligadas a causa indígena na condição delicada de não poder pedir que as pessoas não façam doações, pois pode parecer perseguição vinda de órgãos que devem defender os índios.

Serviço doméstico emprega mão-de-obra

A atividade predominante entre o pequeno percentual de índios que trabalham em Rio Branco é o serviço braçal e o emprego doméstico. Também foi constatado que 10% dos indígenas pesquisados tem 2o Grau e deseja aprender informática e outros cursos profissionalizantes. Entre as mulheres a principal solicitação é por cursos de corte costura e outros que lhes possibilite emprego e renda.

Segundo, a coordenadora da pesquisa, Letícia Yanawá, o levantamento foi feito para possibilitar um diagnóstico preciso sobre a realidade dos índios que trocaram suas comunidades para viver na cidade. A partir dele as lideranças e instituições poderão buscar junto aos órgãos o apoio para atender os anseios dos índios, lhes possibilitando uma vida melhor.

O próximo passo é fazer a pesquisa nas cidades dos demais municípios e começar a implementar as iniciativas para ajudar os que desejam voltar, inclusive na fase de readaptação, assim como aos que desejam continuar na cidade. Nesses casos já está se pensando na melhor forma de implementar cursos profissionalizantes conforme foi solicitado e realizar palestras sobre DSTs e abordagens sobre demais problemas de saúde.

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