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Pescadores cobram manutenção do meio de vida

Diário da Amazônia - www.diariodaamazonia.com.br
03 de Mai de 2010

Os pescadores das comunidades ribeirinhas do rio Madeira realizaram ontem uma manifestação no Clube Ferroviário, em Porto Velho, reinvindicando mais atenção das concessionárias das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. Os pescadores querem a manutenção do meio físico ou o remanejamento para um local onde possam manter a atividade tradicional da pesca e da agricultura familiar. "Queremos ao menos ser tratados como animais silvestres, que estão sendo retirados por biólogos e ambientalistas de seu habitat e deslocados para um outro local com as mesmas condições de vida", disse a presidente da Colônia de Pescadores Z1, Marina Veloso Gomes, em referência ao Plano de Manejo de Animais Silvestres da área que será alagada pelas usinas.

A Colônia Z1 reúne 4,8 mil famílias de pescadores das margens do rio Madeira. De acordo com Marina Gomes, todos serão afetados direta ou indiretamente pelos empreendimentos. Marina frisou que os pescadores não são contra as usinas e até fizeram campanha junto com o movimento pró-usinas, mas querem garantias de que poderão manter a atividade pesqueira no rio Madeira, a agricultura nas suas margens e o estilo de vida do beiradão. "Estamos aqui para mostrar que os pescadores do Madeira correm sério risco de extinção, muito mais do que as espécies silvestres que estão sendo deslocadas com cuidado", frisou.

O senador Acir Gurgacz (PDT) participou do encontro e se colocou a disposição para mediar as negociações. Acir Gurgacz disse que irá buscar apoio para pescadores junto aos ministérios do Governo Federal, por meio de emendas e junto às concessionárias das usinas hidrelétricas. "Serei a voz do povo ribeirinho e já conseguimos marcar uma reunião com o Ministro da Pesca, Altemir Gregolin, para solucionar os problemas dos trabalhadores de Rondônia e a partir desse encontro vamos estabelecer um cronograma de trabalho que atendam essas reivindicações", explicou. O senador disse ainda que vai procurar as concessionárias para que elas respeitem os direitos dos pescadores. "Precisamos que as empresas sentem com os trabalhadores e dêem oportunidades concretas para o futuro destas famílias", frisou Acir.

PBA

Segundo a presidente da Colônia de Pescadores, Marina Veloso, o grupo Suez, do consórcio Energia Sustentável do Brasil, assinou um projeto de plantação orgânica e de sustentabilidade para atividade pesqueira, com duração de 50 anos, começando após o término da construção da usina de Jirau. "Agora estamos esperando o posicionamento da Santo Antônio Energia que não assinou nada com a gente", completou.

A pescadora Maria Auxiliadora criticou a forma coo que estão retirando os pescadores. "Hoje o peixe está difícil pegar, depois que fecharam todo o reservatório das usinas, esquecem que nos temos que pagar tributos também, mas estamos sem como pegar o peixe".

O engenheiro agrônomo Roberto Pini, que trabalha com os pescadores, destacou a importância das usinas para o desenvolvimento da Amazônia e do Brasil, e para a manutenção da atividade pesqueira no rio Madeira. "É possível manter a atividade pesqueira com sustentabilidade ambiental e social, mas é preciso vontade e um olhar mais cuidadoso para a realidade dos pescadores", disse.

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