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Pesca predatória desperdiça bilhões de dólares

O Globo, Ciência, p. 36
10 de Out de 2008

Pesca predatória desperdiça bilhões de dólares
Estudo do Banco Mundial e da FAO alerta que frota pesqueira joga fora recursos marinhos

As frotas pesqueiras de todo o mundo desperdiçam bilhões de dólares por explorar excessivamente espécies já à beira do esgotamento e por mau gerenciamento. O alerta está num relatório do Banco Mundial e do Fundo Mundial para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Os autores do estudo calculam o prejuízo em cerca de US$ 50 bilhões.
A chamada sobrepesca já é uma dos maiores ameaças à biodiversidade marinha. Calcula-se que a maioria das espécies de grande valor comercial, como o atum e o bacalhau, estejam perto de não conseguir recuperar mais suas populações. Aproximadamente um terço da população das espécies de peixes de valor comercial foi drasticamente reduzido. Há exemplos de colapso total. O mais dramático é o desaparecimento do bacalhau da costa leste do Canadá.
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Uma pesquisa publicada na "Science" este ano alertou que se a pesca descontrolada continuar no mesmo ritmo não haverá mais populações viáveis de peixes dentro de meio século. Isso seria o fim da pesca no mundo.
O relatório foi lançado em Nova York, na sede do Banco Mundial, e debatido ontem, em Barcelona, no Congresso Mundial de Conservação. Chamado "Bilhões afundados: justificativas econômicas para uma reforma na pesca", o relatório diz que mudanças na administração da indústria pesqueira poderiam levar à recuperação das populações de peixes e aumentar os lucros.
- Há duas razões para estarmos sofrendo graves perdas. A primeira é que os estoques pesqueiros mundiais chegaram a um nível muito mais baixo do que o tolerável.
Os barcos de pesca passam mais tempo no mar para manter a produção. Se a população de peixes se recuperasse, os custos seriam reduzidos. A segunda razão é que a falta de regulamentação adequada da pesca em vários países impede o combate da sobrepesca - disse Rolf Willman, especialista em pesca da FAO e um dos autores do estudo.
A produção mundial de pescado se mantém estável, em cerca de 80 milhões de toneladas no mar, há dez anos. Porém, os barcos são obrigados a passar cada vez mais tempo no mar. Além disso, as espécies mais valiosas estão desaparecendo e, com isso, reduzindo os lucros.
O relatório defende a redução da frota e o aumento da eficiência. Wilman estima que as frotas pesqueiras poderiam capturar a mesma quantidade de peixes com a metade do número atual de embarcações. Para isso, segundo o estudo, é necessário um melhor mapeamento das áreas de pesca. O relatório sugere ainda que os governo incentivem a pesca sustentável. Segundo o estudo, alguns países, como Austrália e Nova Zelândia, já adotaram medidas eficientes para controle da pesca.

O Globo, 10/10/2008, Ciência, p. 36

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