Midianews-Cuiabá-MT
28 de Jan de 2002
O administrador da Fundação Nacional do Índio em Tangará da Serra. Daniel Cabixi, disse que a questão envolvendo a pesca na Reserva Indígena Umuntina, na região do Médio-Norte, deve ser analisada com ponderações. "O ponto de vista indígena deve ser levado em consideração", explicou, lembrando que a visão em geral aplicada pela sociedade não considera a precariedade das condições humanas, a falta de recursos e as mudanças culturais pelas quais os índios são obrigados a passar.
"Antes de tudo temos que lembrar que os índios pescaram nestes rios durante milhares de anos e nunca o volume de peixes ficou tão reduzido. Depois temos que observar quem realmente faz a pesca predatória, seja nos períodos de piracema ou mesmo quando a pesca é liberada. Nunca foi o índio o principal causador destes prejuízos à natureza", disse Cabixí.
Quanto a comercialização dos peixes, que estaria sendo feita pelos umutinas de barrabugrenses, Daniel Cabixí culpou os próprios compradores do pescado ilegal. "A agricultura de subsistência deles é insuficiente para suas necessidades. Eles precisam do dinheiro e são levados pela necessidade", disse, explicando que nenhuma denúncia chegou a ser realmente comprovada. Para resolver a questão, na opinião de Daniel Cabixí, os índios devem passar a ser inclusos no programa do governo que beneficia as comunidades ribeirinhas de pescadores, onde cada pescador cadastrado recebe uma ajuda em dinheiro durante a Piracema.
"Os índios também dependem dos rios para sobreviver. Enquanto forem deixados fora deste benefício, os problemas poderão continuar a acontecer", afirmou.
O administrador Regional da Funai de Tangará da Serra não gostou do comentário feito pelo tenente coronel Fernandes, da Polícia Florestal, que afirmou, que o Brasil estaria tratando os índios como uma "nação dentro do País". Para Cabixí, a frase foi "infeliz e impensada". Segundo ele, a Constituição Federal trata as comunidades indígenas como sociedades e povos indígenas, com direitos iguais. "Não há privilegio algum. Há muitos casos registrados em que índios foram penalizados por erros que cometeram. O que acontece é que a penalidade é aplicada conforme o grau de conhecimento e aculturação do índio", disse
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