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Personalidade contam infancias e discutem o pais dos proximos 50 anos

FSP, Brasil, p.A12
18 de Set de 2004

DNA Brasil
Evento no interior de SP reúne de Stedile a Regina Casé
Personalidades contam infâncias e discutem o país dos próximos 50 anos
Fernando Rodrigues
Eeviado especial a Campos do Jordão (SP)
Personalidades de várias áreas estão em Campos do Jordão para discutir o futuro do país nos próximos 50 anos, no evento DNA Brasil. Antes de começar a debater, submeteram-se a uma sessão de dinâmica de grupo para contar como passaram suas infâncias.
Depois de serem recepcionadas na quinta-feira à noite, pessoas como Marina Silva, Albert Fishlow, monja Coen Sensei, Jório Dauster e João Pedro Stedile foram convidados a passear, ontem de manhã, pelos jardins do Grande Hotel, o mais luxuoso de Campos do Jordão (167 km a nordeste de São Paulo). Em duplas ou trios montados pelos organizadores, todos tiveram de contar como foram suas vidas quando crianças.
A dinâmica de grupo foi, segundo o empresário Ricardo Semler, uma maneira "de estabelecer um "link" entre os presentes e vencer as resistências pessoais". Não houve formas de medir se os contatos melhoraram por causa da sessão de regressão, mas as conversas foram inusitadas.
Um dos trios era formado por João Pedro Stedile (líder do MST), Albert Fishlow (brazilianista norte-americano) e padre Júlio Lancellotti (da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo). "Eu gostava de andar de carrinho de rolimã", disse o padre. Fishlow, que fala português, mas não é completamente fluente, não entendeu o que era "rolimã".
Ao final do passeio pelo jardim do hotel, cada um teve de apresentar seu novo conhecido em uma sessão plenária -a partir dos fatos relatados sobre a infância. Ao psicanalista Contardo Calligaris, colunista da Folha, coube relatar o que foi a infância de Miguel Reale Jr. (ex-ministro da Justiça): "Ele lia muitos livros sentado em cima do muro". Ricardo Semler, que comandava a plenária, não perdeu a piada: "Por isso que é do PSDB".
Regina Casé, a atriz, descobriu que seu pai, Geraldo, tinha o mesmo nome do pai do coronel Geraldo Lesbat Cavagnari, que é especialista em assuntos militares -e, quando criança, provocou um curto-circuito em sua casa ao tentar consertar uma lâmpada queimada.
Debates
Depois que todos mais ou menos ficaram sabendo sobre suas infâncias, os cerca de 50 presentes -havia gente chegando até o final do dia- dividiram-se espontaneamente em várias salas para discutir os seguintes temas: "Nós e o mundo", "Educar para quê?", "Novo jeito de trabalhar", "Propriedade intelectual X competitividade" e "Tema livre".
Não houve conclusão consensual sobre nenhum dos temas, nem era esse o objetivo. Hoje à noite, os organizadores devem tentar sistematizar o que foi debatido e apresentar algum relatório final.
Também deve ser anunciado o formato do índice DNA Brasil, que será uma compilação de vários indicadores já existentes. A idéia é produzir um termômetro das principais carências do país nas áreas de bem-estar econômico, competência econômica, sócio-ambiental, educação, saúde, proteção social e coesão social.
O encontro DNA Brasil deve se tornar anual e é organizado pelo instituto do mesmo nome, que nasceu como um braço da Fundação Semco -de Ricardo Semler. O evento custou cerca de R$ 1,6 milhão, sendo que a maior parte desse dinheiro veio das empresas Accenture, Banco do Brasil e Intel. No caso do BB, além do logotipo da entidade, aparecia também no material distribuído o logotipo do governo federal "Brasil - um país de todos".

FSP, 18//09/2004, p. A11 (Brasil)

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