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PERIGO NA AMAZÔNIA Desmatamentos preocupam

A Crítica-Manaus-AM
09 de Out de 2001

Fórum indígena discute política de mudanças climáticas com cientistas

As lideranças indígenas receberam ontem, no Fórum Indígena Amazônico sobre Mudanças Climáticas informações sobre a importância do desmatamento evitado e discutiram, com cientistas e representantes de ONGs ambientalistas, posições políticas sobre mudanças climáticas. O encontro, que foi aberto no Centro de Treinamento Padre José de Anchieta, no prédio da Secretaria Estadual de Educação e Qualidade do Ensino (Seduc), e termina quinta-feira, é uma realização da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica). Para Álvaro Ticuna, do Município de São Gabriel da Cachoeira, os colonizadores portugueses e espanhóis foram responsáveis pelo começo da devastação da Amazônia. E ainda há projetos de deputados federais que aprovam a degradação da natureza. A vida do índio, hoje, é muito cara, disse, estarrecido.A iniciativa da Coiab, em parceria com a Coica, quer divulgar informações sobre as conseqüências do aquecimento global e propor ações para alertar as populações indígenas para a preservação ambiental. Para isso, o fórum contou com a participação de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e de 40 lideranças indígenas de outros Estados e de países como a Guiana, Venezuela, Colômbia e Equador. Os ribeirinhos e os povos indígenas estão sendo sacrificados. É preciso abrir um debate internacional, declara o coordenador da Coiab, Euclides Pereira.O evento deu possibilidade a que os indígenas pudessem reivindicar suas propostas. Álvaro Ticuna, embora tenha declarado que estava feliz pela realização do fórum, pela possibilidade de troca de informações, manifestou sua insatisfação com a vida dos povos indígenas. Os produtos dos índios não têm valor no mercado. O verdadeiro terrorismo está sendo feito aqui, com o sistema que nos foi implantado durante os séculos. Por isso, os índios precisam de tecnologia, de motosserras.Diante disso, cientistas convidados puderam colocá-los a par das pesquisas que estão sendo desenvolvidas nas instituições de pesquisas da Amazônia. O primeiro palestrante foi o pesquisador Philip M. Fearnside, do Inpa, que falou sobre o tema A importância do desmatamento evitado para o equilíbrio ambiental e para a melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas e das demais populações amazônicas. Ele explicou que o efeito estufa – fenômeno que, desde 1958, concentra dióxido de carbono na atmosfera, fazendo com que a terra fique cada vez mais quente –, é gradativo e, se nada for feito, a tendência é piorar. Os povos que estão cuidando das florestas têm melhor bagagem para conter esse efeito. Philip esclarece também que existem outras conseqüências do efeito estufa, como as queimadas e a poluição do ar, que é feita por meio da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo. Na verdade, tudo começou com a revolução industrial, no século 18.Já o pesquisador Antônio Nobre, do Inpa, explicou o tema Retirada de dióxido de carbono da atmosfera por meio da floresta amazônica. Ele falou do projeto de Longa Escala da Biosfera da Atmosfera (LBA), que já está instalado em vários pontos da Amazônia. O projeto é composto por várias torres, com equipamentos sofisticados que estudam a emissão de gases na floresta, conta ele, ressaltando que a floresta é muito rica e possui carbonos diferentes. Ele ainda esclarece que a vida da flora amazônica só não está em equilíbrio porque o homem está poluindo a atmosfera por meio da queima do petróleo.

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