Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Ronaldo Regis
02 de Jul de 2003
Dono da Fazenda Furnas da Estrela quer evitar que 100 indígenas cheguem à sede
Pelo menos 10 peões da Fazenda Furnas da Estrela, localizada em Dois Irmãos do Buriti, próximo à divisa com Sidrolândia, estão de prontidão num dos retiros da propriedade. Comandados por Aroldo Correia, filho do dono da fazenda, o produtor Geraldo Correia da Silva, 85 anos, os homens estão no local para conter a invasão de um grupo de aproximadamente 100 indígenas da Aldeia Água Azul, da etnia terena.
No início da noite de segunda-feira, os índios (que estavam em parte da fazenda há dois anos) começaram a avançar em direção à sede da propriedade. Getúlia França Correia, esposa de Aroldo, afirmou que seu marido e os peões montaram pontos de observação. "Nós não vamos deixar eles (índios) chegarem à sede", informou. Ela não quis confirmar se os peões estão armados.
Os índios alegam que a área pertence à aldeia e tentam provar por meio de estudos antropológicos. Consta que há mais de dois anos os índios ocuparam cerca de 200 hectares, na região do Córrego Cortado, da fazenda que está distante cerca de 45 quilômetros de Sidrolândia. De lá para cá, a disputa pela área tem sido acirrada na Justiça. Getúlia, nora do fazendeiro, disse que neste período a Justiça já os concedeu a reintegração de posse por duas vezes, mas os índios recorreram da decisão. "Agora estamos aguardando outra decisão da Justiça federal".
O produtor alega que os documentos da fazenda são de 1917, enquanto que os índios teriam começado a aparecer na região por volta de 1923. "Os índios daqui são originários do 'Chaco' (Paraguai) e vieram para cá na época da Guerra do Paraguai", comenta Getúlia, que registrou queixa no 1o DP de Sidrolândia.
O delegado de Polícia Civil, Édson Hernandes Pigosso, informou que encaminhará o boletim de ocorrência à Polícia Federal. Consta que existe uma predisposição de os indígenas invadirem pelo menos 17 mil hectares de fazendas daquela redondeza.
Conflito
Um possível confronto não está descartado. O coordenador da Funai em Mato Grosso do Sul, Márcio Justino, informou que os índios estão temendo agressão.
Na tarde de ontem, Justino disse que estava negociando a possibilidade de levar um funcionário da Funai até o local, atendendo pedido do cacique. Os índios pediram também a presença da Polícia Federal na área. A assessoria de imprensa da Polícia Federal disse que não recebeu nenhum pedido oficial para ir até a área.
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