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Pelotões tentam conter atuação das Farc

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
25 de Nov de 2002

Uma das regiões mais críticas do vasto território amazônico é a de São Gabriel de Cachoeira, na região conhecida como Cabeça do Cachorro.

A cidade, que fica na margem esquerda do Rio Negro, se constituirá num pólo de vigilância militar, com a presença não só do Exército, mas também da Aeronáutica e da Marinha.

Do lado colombiano, as Farc operam nas imediações através das Frentes 1 e 16, essa última comandada por Tomás Medina Caracas, o Negro Acácio. As duas frentes têm cerca 800 guerrilheiros e outros 200 milicianos. São eles que abastecem as Farc com suprimentos básicos como remédios e alimentos, adquiridos em território brasileiro. "Não há como fazer um controle do ingresso de civis ligados às Farc no nosso território", admite um militar graduado do Ministério da Defesa.

Além da Colômbia, a expansão militar na região amazônica também prevê um reforço na fronteira com o Suriname - conhecida rota de tráfico de armas que abastece os guerrilheiros das Farc - e com a Guiana. "Em cada ponto teremos um pelotão de fronteira", explica o gerente do Programa Calha Norte, coronel Roberto de Paula Avelino. O coronel afirma que os pelotões não são para combater, mas para vigiar e "vivificar" a Amazônia.

A idéia é conjugar a capacidade de pronta-resposta das Forças Armadas na hipótese de conflito com a ocupação ordenada da área. Em alguns locais, o Exército é a única presença efetiva e os pelotões servem de pólos pioneiros de desenvolvimento, atraindo a população, já que oferecem facilidades como energia elétrica, escola e atendimento médico.

A preocupação com a inviolabilidade da fronteira mudou a rotina dos quartéis da região. Após os atentados terroristas nos Estados Unidos, no ano passado, a tensão aumentou ainda mais. O coronel Avelino chegou a palestrar no Pentágono sobre questões de segurança na Amazônia.

A prioridade que o Exército está atribuindo à região pode ser medida pelo efetivo. Há, atualmente, quatro Brigadas de Infantaria de Selva, cujos comandos estão localizados em Marabá (PA), Boa Vista (RR), Tefé (AM) e Porto Velho (RO), subdivididas em unidades e subunidades. Os pelotões de fronteira já chegam a 20, cada um com cerca de cem homens. Estão dispostos principalmente na fronteira.

O Exército não admite, mas fontes militares confidenciam que há possibilidade de nos próximos meses mais 3 mil homens serem enviados para a região, removidos de bases do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro.

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